ATA DA SEPTUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.09.1998.

 


Aos quatorze dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Clênia Maranhão, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Sexagésima Oitava Sessão Ordinária e das Vigésima Nona e Trigésima Sessões Solenes. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antônio Losada, as Indicações nºs 71 e 72/98 (Processos nºs 2663 e 2664/98, respectivamente); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 132/98 (Processo nº 2661/98); pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Resolução nº 39/98 (Processo nº 2614/98); pelo Vereador Eliseu Sabino, a Indicação nº 79/98 (Processo nº 2703/98); pelo Vereador Gilberto Batista, o Pedido de Informações nº 119/98 (Processo nº 2686/98); pelo Vereador João Carlos Nedel, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de Lei do Legislativo nº 131/98 (Processo nº 2644/98); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Informações nº 118/98 (Processo nº 2642/98); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº 130/98 (Processo nº 2638/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 382/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 21/98, do Senhor Rubens Paulo de Souza, Presidente do Partido da Mobilização Nacional - PMN/RS; 47/98, do Vereador João Batista Cardoso, Presidente da Câmara Municipal de Apucarana/PR; 150/98, do Senhor Décio Krohn, Presidente da Sociedade de Ginástica Porto Alegre - SOGIPA; 553/98 do Desembargador Cacildo de Andrade Xavier, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Em continuidade, face à aprovação, durante a Sessão Ordinária do dia onze de setembro do corrente, de Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no período de quatorze a dezoito de setembro do corrente, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Alberto Moesch, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Carlos Augusto Oliveira Rocha, Diretor da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Rio Grande do Sul - FEEB/RS, que discorreu sobre a história do Banco do Estado do Rio Grande do Sul - BANRISUL, comentando Projeto de Emenda à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que visa possibilitar a consulta à comunidade gaúcha acerca da privatização do BANRISUL. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor Luiz Carlos Barbosa, Diretor da Fundação dos Bancários, da Senhora Maria da Graça Lima, Diretora do Sindicato dos Bancários do Município de Livramento/RS, e do Senhor Rubens Gonçalves Lisboa, Diretor do Sindicato dos Bancários do Município de Pelotas/RS. Também, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a distribuição, aos representantes da entidade que hoje fez uso da palavra durante a Tribuna Popular, de cópias de Proposta de Emenda à Constituição Estadual, assinada por Vereadores deste Legislativo, que objetiva alterar o artigo 22 da Constituição Estadual, criando a necessidade de prévia aprovação por plebiscito para a alienação ou transferência acionária, criação, extinção, fusão, incorporação ou cisão do BANRISUL. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 126/98, discutido pelo Vereador Nereu D’Ávila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 129/98, discutido pelo Vereador João Dib, o Projeto de Resolução nº 39/98, discutido pelos Vereadores Alberto Moesch e Carlos Garcia; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 33/98, discutido pelo Vereador Alberto Moesch. Na oportunidade, face à manifestação da Vereadora Maria do Rosário, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do andamento dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário pronunciou-se acerca das medidas econômicas adotadas pelo Governo Federal, salientando reflexos decorrentes da elevação das taxas de juros no mercado financeiro. Também, declarou estar ocorrendo a utilização, pelo Governo Federal, de elementos estruturais e recursos públicos para a realização de propaganda política. O Vereador Cláudio Sebenelo contraditou declarações efetuadas pela Vereadora Maria do Rosário, referentes à utilização da máquina pública, pelo Governo Federal, para a veiculação de propaganda política. Ainda, ao referir-se aos percentuais de intenção de voto apurados pelas últimas pesquisas eleitorais, teceu considerações acerca da atual conjuntura política brasileira. Na ocasião, o Senhor Presidente destacou a necessidade dos Oradores não serem aparteados anti-regimentalmente, quando de suas manifestações da tribuna, tendo o Vereador Fernando Záchia manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão discorreu acerca do teor de relatório publicado pela Organização das Nações Unidas - ONU, no qual o Rio Grande do Sul é mencionado como o Estado brasileiro com melhor qualidade de vida. Também, defendeu a necessidade de ampliação da política de assistência social em Porto Alegre. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença de professores e alunos da Pré-Escola Oficina da Alegria. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D’Ávila procedeu a relato a respeito de incidente ocorrido na praça de pedágio existente no Município de Soledade, no qual o Vereador Adeli Sell teria ofendido um funcionário daquele posto, afirmando que as questões e os posicionamentos políticos a respeito da cobrança de pedágio nas estradas estaduais não devem ser confundidos com procedimentos inadequados junto aos trabalhadores da área. Na ocasião, face à Questão de Ordem suscitada pela Vereadora Maria do Rosário, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito do artigo 142 do Regimento, bem como acerca das disposições regimentais que regulam a concessão e utilização, pelos Senhores Vereadores, do Tempo Especial previsto no artigo 94 do Regimento. Ainda, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de expressões constantes no pronunciamento do Vereador Nereu D’Ávila, Requerimento este indeferido pelo Senhor Presidente, tendo em vista não ter ocorrido a anuência do Orador. Também, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando a concessão do Tempo Especial previsto no artigo 94 do Regimento, Requerimento este indeferido pelo Senhor Presidente. Após, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando cópias das notas taquigráficas do discurso do Vereador Nereu D’Ávila, Requerimento este indeferido pelo Senhor Presidente, por não ter ocorrido a anuência do Orador, tendo o Senhor Presidente, face a manifestações do Vereador Nereu D’Ávila, prestado informações a respeito dos trabalhos da presente Sessão. Às quinze horas e vinte minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e um minutos, constatada a existência de “quorum”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib discorreu a respeito do teor de pronunciamentos anteriormente efetuados pela Vereadora Maria do Rosário. Também, teceu considerações acerca dos posicionamentos adotados pelo Partido dos Trabalhadores em relação à campanha eleitoral ora em curso e comentou aspectos relativos ao trabalho realizado pelo Executivo Municipal na área da saúde. A seguir, foi apregoado Requerimento da Vereadora Anamaria Negroni, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista, informando que sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Nede Soares, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Na ocasião, a Vereadora Maria do Rosário manifestou-se sobre o pronunciamento do Vereador João Dib, colocando à disposição desse Vereador cópias dos apanhados taquigráficos de seu pronunciamento em Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol, registrando ser o dia de hoje marco inicial da Semana Farroupilha, teceu críticas à Prefeitura Municipal pelo sistemático descumprimento da Lei nº 7855/96, a qual versa sobre a criação de uma Comissão Especial, vinculada ao Executivo Municipal, responsável pela elaboração do calendário de eventos comemorativos à Semana Farroupilha no Município. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando seja retirado de tramitação Requerimento de sua autoria, de renovação de votação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/97 (Processo nº 2499/97). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz registrou convite recebido para a inauguração da nova sede do Lar Santo Antônio dos Excepcionais, a ocorrer no dia quinze de setembro do corrente, estendendo este convite aos Senhores Vereadores. Ainda, comentou o trabalho realizado por essa entidade, destacando a importância do apoio de todos os Senhores Vereadores para que possa ser dada continuidade aos serviços ali oferecidos. A seguir, constatada a existência de “quorum” foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando alteração na ordem de apreciação dos Projetos constantes na Ordem do Dia, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Cláudio Sebenelo. Na oportunidade, os Vereadores Sônia Santos, Nereu D'Ávila e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca deste Requerimento da Vereadora Maria do Rosário. Também, os trabalhos estiveram suspensos, nos termos regimentais, das quinze horas e quarenta e oito minutos às quinze horas e cinqüenta e quatro minutos e das quinze horas e cinqüenta e sete minutos às dezesseis horas e um minuto. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/98, por vinte e nove votos SIM, após ter sido discutido pelos Vereadores João Dib, Cláudio Sebenelo, Maria do Rosário, Nereu D’Ávila, Luiz Braz, Henrique Fontana, Carlos Garcia, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Juarez Pinheiro, João Carlos Nedel, Renato Guimarães, Reginaldo Pujol, Nede Soares, Pedro Ruas e Clovis Ilgenfritz e encaminhado à votação pelo Vereador Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Gilberto Batista, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Tereza Franco, Alberto Moesch, Gilberto Batista e Nede Soares. Na ocasião, os Vereadores Sônia Santos e Adeli Sell cederam seus tempos de discussão aos Vereadores Luiz Braz e Henrique Fontana, respectivamente. Ainda, na oportunidade, o Senhor Presidente alertou da impossibilidade de manifestações nas galerias do Plenário, face as disposições regimentais deste Legislativo, e informou aos Senhores Vereadores que não seriam permitidos apartes anti-regimentais aos Oradores da tribuna e que estes deveriam ater-se ao tema em discussão. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 22/98, por vinte e três votos SIM, após ter sido discutido pelos Vereadores Luiz Braz, Maria do Rosário, Cláudio Sebenelo, João Dib, Pedro Ruas, Carlos Garcia, Alberto Moesch e Elói Guimarães, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Alberto Moesch, Gilberto Batista e Nede Soares. Na ocasião, foi aprovada a prorrogação da presente Sessão, nos termos regimentais. A seguir, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação dos Projetos constantes na Ordem do Dia, o qual foi encaminhado à votação pela Autora. Às dezoito horas e cinqüenta e cinco minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Declaro empossado o Suplente, Ver. Alberto Moesch, em substituição ao Ver. Pedro Américo Leal, nos termos regimentais.

 

(Obs.: Foi dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Carlos Augusto Oliveira Rocha, Diretor da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Rio Grande do Sul, está com a palavra. O assunto é o Projeto de Emenda à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul que trata do BANRISUL.

 

O SR. CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA ROCHA: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores; Sras. e Srs. Assessores das diversas bancadas com assento nesta Casa; profissionais da imprensa nesta Casa, colegas sindicalistas; funcionários do BANRISUL. Gostaria, preliminarmente, de dizer aos senhores da minha satisfação por estar presente aqui e poder parabenizar de viva voz esta Casa, que completou, na semana passada, duzentos e vinte e cinco anos de existência, existência essa que muito marcou, e, até mesmo, esta Casa muitas vezes serviu de paradigma para as demais Casas Legislativas do Estado e do País como uma trincheira de luta da comunidade porto-alegrense, não só porto-alegrense como gaúcha.

Gostaria, inicialmente, de agradecer esta oportunidade de poder falar aos Srs. e Sras. Vereadoras, representantes legítimos da comunidade de Porto Alegre, e dizer que nós, funcionários do BANRISUL, Movimento Sindical do Rio Grande do Sul, capitaneados pela Federação dos Bancários de Porto Alegre e Interior do Estado, estamos peregrinando pelo Estado do Rio Grande do Sul, onde estamos apresentando um Projeto de Emenda à Constituição do Estado, buscando, com isso, criar uma salvaguarda constitucional e dar a possibilidade para que a sociedade gaúcha, a comunidade gaúcha dos clientes e usuários do BANRISUL, se posicione em relação a uma possível venda, cisão, privatização ou mesmo federalização do BANRISUL.

Gostaria de relembrar aos Srs. Vereadores um pouco da história desta instituição do sistema financeiro gaúcho, que, no sábado passado, completou setenta anos de existência, instituição que foi criada em meio a uma crise pela qual passava o Estado do Rio Grande do Sul, criada para servir de aporte, fomentadora da economia do Estado. Pois bem: ao longo desses setenta anos, o BANRISUL, mais que uma instituição de crédito, uma instituição financeira que visasse ao lucro, foi uma instituição que serviu de aporte, fomentadora da economia do Estado. Quem não lembra do BANRISUL auxiliando as comunidades do Interior, as da Capital, financiando o saneamento básico, financiando os pequenos e médios produtores, os pequenos e médios empresários? Enfim, o BANRISUL servindo de aporte, de instrumento de desenvolvimento do Estado.

Pois, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com o passar do tempo, o BANRISUL foi sendo afastado de sua prerrogativa básica, que era a de ser um fomentador, um parceiro no desenvolvimento do Estado, e passou a ter uma atividade estritamente comercial, visando ao lucro, e já, por último, nem isso conseguia continuar fazendo, já que nos dois últimos balanços, progressivamente, o Banco estranhamente passou a dar prejuízo.

O nosso movimento em defesa do Banco começa com as declarações do Sr. Governador do Estado dizendo que sofria fortes pressões do Governo Central, do Banco Central e que, talvez, não fosse possível manter o BANRISUL face às pressões que vinha sofrendo do Governo Federal para a privatização ou mesmo a extinção do BANRISUL.

Sabemos que é uma decisão que veio através de uma reunião realizada nos Estados Unidos em 1988, em Washington, quando foi elaborado um documento chamado “Consenso de Washington”, que exigia dos países da América Latina, principalmente, a extinção de um grupo de entidades financeiras no Brasil, mais precisamente trinta e três, que detinham 36% da parcela do mercado. Isso era uma parcela muito grande e que precisava ser entregue ao capital privado. Pois bem: dos trinta e três bancos estaduais que tínhamos até há algum tempo, hoje restam onze, entre eles o BANERJ e o BANESPA, o primeiro já praticamente liquidado, porque já não tem mais condições de operar, e o BANESPA, federalizado, esperando o momento oportuno de ser privatizado.

Coincidentemente, enquanto estamos aqui discutindo a defesa da oportunidade de a sociedade do Rio Grande se manifestar a respeito da permanência ou não do seu banco público - o último, o remanescente do grande sistema financeiro que já houve no Rio Grande do Sul -, neste momento, às 14h, iniciou-se o leilão de privatização do Banco de Minas Gerais.

Como eu já disse anteriormente, não estamos aqui para fazer a defesa do BANRISUL, para criar empecilho para uma possível federalização, privatização ou cisão ou mesmo extinção do BANRISUL. Nós queremos, com este Projeto de Emenda ao art. 22 da Constituição Estadual, iniciativa absolutamente legal, alicerçada no art. 58 da Constituição do Estado, criar a figura da consulta plebiscitária e dar a possibilidade para que a sociedade gaúcha se manifeste a respeito do futuro do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Portanto, mais do que participando das nossas iniciativas, estamos aqui para fazer um apelo singelo, mas da maior importância para a sociedade do Rio Grande. Se aprovada essa Emenda Constitucional na Assembléia Legislativa, será possível à sociedade do Rio Grande mais do que decidir pela vida e pelo futuro do Banco do Rio Grande do Sul. Poderá resgatar, através do aprofundamento da discussão com a sociedade, as prerrogativas do BANRISUL e resgatar o seu papel social, porque foi um banco criado para ser fomentador, incentivador e parceiro da sociedade gaúcha, dos governos municipais, do Rio Grande, e para mantermos essa que é a última instituição do grande sistema financeiro que já teve o Rio Grande do Sul.

Agradecemos a oportunidade de poder nos dirigir aos representantes da sociedade porto-alegrense. Será muito importante para a sociedade a aprovação desse Projeto de Emenda. Por isso, acreditamos que os senhores serão sensíveis ao nosso pedido. Cento e vinte Câmaras de Vereadores do interior do Rio Grande do Sul já aprovaram por unanimidade esse Projeto. Temos a certeza de que esta Casa também vai aprová-lo por unanimidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. Carlos Augusto Oliveira Rocha para fazer parte da Mesa Diretora. Também comunicamos as presenças do Sr. Luiz Carlos Barbosa, Diretor da Fundação dos Bancários, da Sra. Maria da Graça Lima, Diretora do Sindicato dos Bancários da Cidade de Livramento, e do Sr. Rubens Gonçalves Lisboa, Diretor do Sindicato dos Bancários da Cidade de Pelotas. É um prazer tê-los aqui conosco.

Não havendo bancadas que queiram manifestar-se neste momento, nós queremos agradecer ao Sr. Carlos Augusto Oliveira Rocha pela sua presença, Diretor da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Rio Grande do Sul - FEEB/RS.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro que os nossos convidados da Tribuna Popular recebam cópia da proposta de Emenda Constitucional que está tramitando na Casa e que poderemos analisar na tarde de hoje, o que é o nosso desejo, que trata justamente de uma proposição contrária à venda e privatização do BANRISUL. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu peço que a nossa Diretoria Legislativa forneça cópia desta proposta que está tramitando em nossa Câmara Municipal.

Queremos agradecer, mais uma vez, a presença dos nossos convidados da Tribuna Popular e colocamos este Legislativo sempre à disposição do Sindicato, da Federação e de todos os senhores que queiram fazer suas reivindicações, pois esta é a Casa do Povo e o espaço de Tribuna Popular está aberto exatamente para atender a essa finalidade.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2542/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 126/98, de autoria do Ver. Pedro Ruas, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Euclides Fagundes Filho.

 

PROC. 2614/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/98, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que concede o prêmio artístico Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Nenhum de Nós.

 

PROC. 2622/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 129/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede o título honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Senhora Alice Onzi (irmã Jacira).

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2512/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 033/98, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que concede o Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo ao pintor, desenhista e gravador Henrique Fuhro.

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, desejo saudar a presença, neste Plenário, do nobre Ver. Beto Moesch, que, com a sua juventude, engrandece a minha Bancada e também este Plenário.

Já que o assunto está em Pauta, saúdo o Ver. Jocelin Azambuja pela sua importante proposição de dar à Irmã Jacira, do Hospital Mãe de Deus, o Título de Cidadã de Porto Alegre. O Ver. Jocelin Azambuja faz justiça a essa extraordinária criatura que tão bem dirige esse Hospital, mas também faz com que lembremos aquela extraordinária figura da Irmã Maria Giacomina Veronese, que, junto com a Irmã Jacira e outras criaturas extraordinárias, fizeram esse grande Hospital, que é modelo para o Rio Grande e para o Brasil. Por isso, não posso deixar passar esta oportunidade de saudar daqui a Irmã Jacira, que vai receber, por unanimidade, o Título de Cidadã de Porto Alegre, tenho absoluta convicção.

Saúdo também a todos aqueles que com ela dirigem o Hospital Mãe de Deus, um hospital exemplar que merece o nosso respeito e consideração. Por isso, minha homenagem ao Ver. Jocelin Azambuja e àquela que, brevemente, será distinguida com a outorga do Título de Cidadã de Porto Alegre: a Irmã Jacira. Muito obrigado. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra. Desiste. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Ausente. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra. Desiste. A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra. Desiste. O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos em discussão de Pauta e, entre esses projetos apresentados a esta Casa, em tramitação na Pauta está um do Ver. Pedro Ruas, que concede o Título de Cidadão de Porto Alegre a Euclides Fagundes Filho, o conhecido Bagre Fagundes.

Temos que parabenizar o Vereador pela iniciativa, eis que, principalmente agora, estamos vivendo a Semana Farroupilha, em que o Rio Grande está todo colorido, pilchado, magnificamente representado por CTG’s, apresentações as mais variadas, não esquecendo jamais as tradições deste Estado. É muito boa a iniciativa do Vereador em relação ao Bagre Fagundes, uma figura altaneira, de família ilustre, uma figura que não só nas tradições, mas também na política, é um partícipe das questões partidárias, nunca desmentindo a sua vocação política e democrática, sempre defendendo posturas altamente politizadas. Além disso, ofereceu-nos, em companhia do seu irmão Nico Fagundes, uma das legendárias canções deste Estado, que é o “Canto Alegretense”.

Então, queremos, neste momento, consignar nesta Casa a iniciativa do nobre Vereador da nossa Bancada, que, em prestigiando Euclides Fagundes Filho, o Bagre Fagundes, está prestigiando as tradições gaúchas, a música gaúcha, o regionalismo gaúcho, enfim, as mais belas páginas deste Estado, personalizadas na figura simpática e querida de Bagre Fagundes. Como Líder da Bancada do PDT, não poderia deixar de registrar esta magnífica iniciativa e aguardar o dia e a hora em que esta Casa poderá, no conjunto da sua totalidade, certamente por todas as bancadas, homenagear e dar a Bagre Fagundes aquilo que ele está há muito tempo a merecer: um lugar de destaque na sociedade gaúcha, um lugar de destaque na sociedade porto-alegrense, que agora se oficializa através deste Projeto de Lei que lhe concede o Título de Cidadão de Porto Alegre.

Está de parabéns o Bagre Fagundes. Está de parabéns a tradição gaúcha. Está de parabéns todo o cancioneiro do Rio Grande.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nereu D’Ávila, quero dizer que apóio integralmente as palavras com relação a Bagre Fagundes, que é, sem dúvida, um nome de muito destaque no cenário cultural do Rio Grande do Sul e que, ao ser aprovado, engrandecerá a nossa Cidade.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nós queremos registrar, neste pronunciamento em que V. Exa. saúda o Ver. Pedro Ruas pela iniciativa, que também saudamos, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, pois é merecedor, é legítimo, e nós estamos irmanados em fazer de Bagre Fagundes um cidadão de Porto Alegre, que já o é. Muito obrigada.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Nós agradecemos as participações dos nobres Vereadores, e aí já está um início daquilo que será, tenho certeza, como eu disse: a totalidade das bancadas desta Casa no dia e na hora em que Bagre Fagundes receber o título desta Casa. Portanto, neste momento em que estamos comemorando magnificamente em todo o Estado a Semana Farroupilha, inclusive no Parque da Harmonia, com um significado extraordinário da representatividade cultural das tradições do Rio Grande, através de toda a Grande Porto Alegre, de todo o Estado - e já se torna pequeno o parque, de tantas delegações que se avolumam para acampar, para cantar em prosa e verso as nossas tradições, que, certamente, são as mais belas de todo o nosso País -, então, este momento é oportuno, quando uma das figuras que é ímpar não só na cultura do nosso gauchismo, como disse o Ver. Guilherme, mas, principalmente, pela sua representatividade na sociedade gaúcha, que, como disse a Vera. Maria do Rosário, já é, efetivamente, Bagre Fagundes um cidadão de Porto Alegre, sem ainda receber o galardão máximo aqui da nossa Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Alberto Moesch para discutir a Pauta.

 

O SR. ALBERTO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma satisfação muito grande poder retornar ao Plenário do Poder Legislativo da Capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Quero apenas destacar dois Projetos de Lei: um, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que concede o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao conjunto “Nenhum de Nós”. A minha geração ouve, e muito, o conjunto “Nenhum de Nós”. Portanto, tenho muita satisfação em ver esse conjunto ser agraciado aqui por esta Câmara de Vereadores.

O outro Projeto de Lei é de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que concede o Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo ao pintor, desenhista e gravador Henrique Fuhro. É importante porque esta Casa expressa prioridade e atenção aos aspectos culturais da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra a Vera. Maria do Rosário. Desiste. Está com a palavra o Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi atentamente o depoimento do Ver. Alberto Moesch dizendo que a sua geração ouviu e continua ouvindo “Nenhum de Nós”. Aí fico até numa situação bastante delicada e, ao mesmo tempo, saudável, porque todos os componentes do “Nenhum de Nós” foram meus alunos no Colégio Nossa Senhora das Dores e três deles ainda foram meus atletas. É um grupo com o qual pudemos conviver.

Em 77, 78, 79, 80 e 81 essas crianças estudavam no Colégio Nossa Senhora das Dores e já tinham uma afinidade com a questão musical. Em 1986, eles já haviam saído da escola. Resolveram montar o conjunto que hoje é o “Nenhum de Nós”. Hoje, sinto-me muito à vontade nesta tribuna quando há esse Prêmio Lupicínio Rodrigues, que tenta homenagear um grupo musical de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e que, sem dúvida nenhuma, é um expoente em nível nacional. Quem não conhece a sua primeira música, que tanto sucesso fez: “Camila, Camila”? Realmente, levou uma geração toda a cantar “Camila, Camila”.

Vou-me permitir ler algumas coisas sobre o conjunto “Nenhum de Nós”. Eu dei o meu depoimento pessoal da minha convivência com eles.

(Lê.)

“Todos eles foram colegas do Colégio Nossa Senhora das Dores e, entusiasmados com o movimento crescente do ‘rock’ nacional e com o ‘Rock in Rio I’, três amigos, no ano de 1986, resolveram montar uma banda. Eram eles: Carlos Stein, Sady Homrich e Thedy Corrêa.”

O Carlos Stein, na época, tentou correr quatrocentos metros, fez alguns resultados muito bons. O Sady foi arremessador de peso. Hoje é o grande vocalista do “Nenhum de Nós”.

“Um ano após, assistindo a uma apresentação da banda na praia de Imbé, o empresário Antônio Meira percebe o talento latente dos jovens músicos e envia uma fita para as gravadoras. Em junho do mesmo ano, o ‘Nenhum de Nós’ grava o seu primeiro disco pela gravadora Plug, da RCA, e a canção ‘Camila’ começa a tocar em vários Estados do País. No verão de 88/89, ‘Camila’ torna-se a mais tocada em todo o Brasil e, em maio de 89, é lançado ‘Cardume’, o segundo disco da banda, com as faixas ‘Eu caminhava’, ‘Fuga’ e ‘Astronauta de Mármore’, que conta com a participação especial de Renato Borghetti. O disco vende mais de duzentas e trinta mil cópias e o conjunto faz uma turnê nacional de cento e noventa ‘shows’. Em 1990, o ‘Nenhum de Nós’ lança o terceiro disco, ‘Extrano’, incluindo ‘Sobre o tempo’, tema da telenovela ‘Barriga de aluguel’, ‘Extrano’ e ‘Das coisas que eu entendo’. A banda é homenageada no mesmo ano pela Direção do Colégio Nossa Senhora das Dores, da qual eu fazia parte. Na noite de 26 de janeiro de 1991, ocorreu o evento de maior público em que o ‘Nenhum de Nós’ se apresentou: o ‘Rock in Rio II’, no Maracanã, assinalando a entrada, ainda como convidado, do músico João Vicente, que também foi aluno do Colégio Nossa Senhora das Dores. Em 1992, é lançado o quarto disco do ‘Nenhum de Nós’, incluindo ‘Ao meu redor’, ‘Sangue latino’ e ‘Jornais’. E eles foram crescendo cada vez mais com a aceitação popular. Neste ano, o ‘Nenhum de Nós’ já tocou no ‘II Planeta Atlântida’ e, depois de ter comemorado a vendagem de quinhentas mil cópias com ‘O mundo diablo’, prepara o seu próximo disco, que será o sétimo em doze anos de uma carreira de talento, perseverança e muito ‘rock’.”

Assim, parece-nos que essa homenagem é mais do que justa. É o reconhecimento de talentos de Porto Alegre, talentos do Rio Grande do Sul, que se espalharam pelo Brasil e pelo mundo. Por isso, peço aos meus nobres pares a acolhida dessa homenagem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PT.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este momento, para nós, que estamos caminhando, lutando, convivendo todos os dias com a nossa gente em Porto Alegre, é um momento de extremo desafio. Nós, o povo gaúcho e brasileiro, estamos desafiados a mudar os rumos da política e das prioridades que têm sido aplicadas pelos atuais governantes, que também são atuais candidatos.

Observamos com preocupação o pacote lançado pelo Governo Federal, que joga, mais uma vez, os juros na estratosfera. Sem dúvida, é a população brasileira, aquela que depende da saúde pública, do Sistema Único de Saúde, aqueles que dependem da política de assistência social, os mais de oitocentos mil desempregados, homens e mulheres do Rio Grande do Sul, que paga a conta daquilo que Luiz Inácio Lula da Silva caracterizou, no dia de ontem, como um “remédio doce para os agiotas internacionais, mas muito amargo para o Brasil”.

Nós precisamos dizer que o nosso Partido, o Partido dos Trabalhadores, está unido firmemente com o propósito de colocar nas ruas todas as bandeiras, que são as do povo gaúcho, do povo brasileiro, por liberdade, por desenvolvimento econômico verdadeiro. Não existe desenvolvimento econômico enquanto continuarmos sendo saqueados, com um Presidente da República de joelhos, jogando fora as reservas do nosso País, comprometendo o patrimônio público e comprometendo, portanto, o futuro desta Nação.

Da mesma forma, no Rio Grande, a propaganda oficial e alguns meios de comunicação, dos quais faz parte o atual Governador - licenciado e candidato -, têm constituído, na base da sociedade, a idéia de que não é mais preciso que o nosso povo vote, que a eleição já está decidida. Nós, que lutamos pela democracia, pelas eleições diretas, nos pautamos sempre contra as ditaduras e lutamos, também, contra a ditadura que tenta apresentar um resultado antes que a população coloque o seu voto na urna.

A campanha de Olívio Dutra é uma campanha vencedora, está crescendo. É uma campanha que toma as ruas, é uma campanha que empolga a militância em todos os cantos do Rio Grande: em São Borja, onde não se pode atravessar a ponte porque custa 65 reais para um caminhão passar; em Alegrete, em Caxias e em Porto Alegre, onde há dez anos nós afirmamos que existe um modo de governar com a população, com democracia direta, respeitando os desejos da nossa gente e invertendo prioridades.

Nós temos segurança na vitória que o Partido dos Trabalhadores e a Frente Popular terá e está tendo. Sabemos que a propaganda oficial, o dinheiro fácil que rola nas campanhas de nossos adversários, é aquele antídoto que, na verdade, chama a atenção da população para o grande drama que vivem os trabalhadores e as trabalhadoras que sofrem enquanto os desperdícios acabam pelas esquinas. Quantos contratados! E não será esse um crime eleitoral? Onde está sendo, enfim, colocada a prestação de contas do número de pessoas contratadas, os desempregados, os vilipendiados, os excluídos, os massacrados por esses governos e que agora são chamados a terem um emprego precário e temporário até 4 de outubro?

A população conhece a nossa pauta e a nossa luta. Quero dizer aos senhores que, de dentro de uma bancada unida, que é a Bancada do PT, de um partido unido, que é o Partido dos Trabalhadores, unidos em torno de um projeto político, da nossa aliança Lula/Brizola, e da aliança que temos aqui, no Estado, temos a convicção de que representamos todos aqueles que sofrem e precisam ter voz. Quero dizer também, Srs. Vereadores, que não é estranho para nós que ataques de uma profunda falta de ética sejam feitos contra a Frente Popular e o Partido dos Trabalhadores e que o pior inimigo é aquele que, em algumas vezes, se esconde perto de nossas trincheiras. Nós estamos preparados e confiamos na vitória do PT. Os senhores sabem a quem me refiro e sabem por que não cito nomes. Algumas atitudes são tão pequenas na política, que sequer os nossos adversários poderão confiar naqueles que traem os seus próprios companheiros. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o País inteiro está preocupado com a conjuntura econômica internacional. Disso não há dúvida. Existe uma pequena parcela do País que sadicamente festeja essa dificuldade brasileira, a dificuldade brasileira inserida num contexto internacional, que haveremos de vencer, assim como vencemos todos os outros óbices, todas as outras dificuldades, e, com criatividade e competência, iremos superar e conduzir esse barco ao porto seguro do desenvolvimento econômico.

Já esperava, no pronunciamento conhecido, percebido - porque ele é manobrista, e essas manobras diversionistas já são conhecidas da população de Porto Alegre -, que a Líder Maria do Rosário vem aqui fazer, uma análise da conjuntura internacional e do Brasil, mas ela sabe perfeitamente que a notícia não é essa. Ela sabe, e toda a população de Porto Alegre sabe, que o fato não é esse. Se uma ala da Frente Popular joga a toalha, é chamada de traidora. Se a dificuldade é fazer um “insight”, olhar para dentro de si mesmo e dizer que a queda nas enquetes pré-eleitorais é absolutamente produto da incompetência da própria Frente Popular, réu confesso, aqui, neste microfone, do julgamento público, é claro que a população de Porto Alegre já sabe, sobejamente, que é muito difícil o andor que a Bancada do PT, neste Plenário, carrega junto com essas inúmeras atitudes antipopulares, voltadas para o mau gosto, para a violência e, muitas vezes, contra os interesses da nossa população. Violência, Ver. Adeli Sell, é invadir o Parque Náutico do Internacional, é vetar o nome de Osvaldo Rolla, é querer fechar o Abrigo Dias da Cruz. São violências, sim! Ora, o que faz um período eleitoral, o que faz uma manobra diversionista! Nós reconhecemos que existe uma preocupação mundial com o fenômeno econômico, sim, que o País tenha, muitas vezes, a necessidade de aumentar juros para evitar a saída desse capital.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito que os Srs. Vereadores não façam apartes anti-regimentais.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Sr. Presidente, não podemos generalizar e dizer “os Vereadores”. Daqui a pouco, vão achar que sou eu. V. Exa. deve dizer qual Vereador está interrompendo o Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Fernando Záchia, estou solicitando aos Vereadores que estão se portando mal no Plenário que, por favor, não interrompam o orador com apartes anti-regimentais.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ver. Fernando Záchia, a população de Porto Alegre assiste televisão e sabe perfeitamente como se comporta a moralista Bancada do PT. Sabe da moral petista, da forma de administrar que revolucionou o País, desta ridícula postura diversionista, querendo encobrir um dos fatos mais graves que assolam a própria estrutura da Frente Popular, que, através da voz de um dos seus componentes, vem aqui e denuncia aquilo que está claro e prevê a derrota da Frente Popular nas próximas eleições com a estrutura que aí está. É evidente que a notícia do problema econômico é verdadeira e nós também estamos preocupados. Há gente que não está preocupada com o problema econômico, Vera. Clênia Maranhão. Há gente que está morrendo de rir do problema econômico brasileiro e, sadicamente, gosta de que as coisas estejam, eventualmente, mal paradas. Mas esperem que vai haver a providência e essa onda passará, assim como também passarão aqueles que acham que o Ver. Hélio Corbellini não tem razão.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero inicialmente aproveitar o tempo de Comunicação de Líder do meu Partido, PMDB, para registrar a nossa satisfação, que deve ser a satisfação de todos os gaúchos, com o resultado do relatório da ONU, que por duas vezes indica o Estado do Rio Grande do Sul como o Estado brasileiro de melhor qualidade de vida. Até dois anos atrás o nosso Estado não tinha ocupado este lugar no cenário nacional. Seguramente a política de desenvolvimento e de conquistas sociais implantadas no nosso Estado nos últimos três anos permitiu esse crescimento de qualidade de vida dos gaúchos. E por duas vezes estamos ocupando, em nível nacional, o lugar de destaque de primeiro lugar, de Estado com a melhor qualidade de vida do País. Evidentemente, isso engrandece os gaúchos e faz com que tenhamos novos estímulos para continuarmos lutando para que o Rio Grande se desenvolva cada vez mais e para que possamos sempre preservar este lugar.

Quero também trazer neste tempo uma preocupação que trouxe a esta tribuna na última reunião plenária da nossa Câmara, que é a preocupação em relação à política de assistência social em nosso Município, ou da falta de ações concretas do Poder Público Municipal em relação à área social de Porto Alegre. Naquela oportunidade, eu falava da falta de infra-estrutura dos Conselhos Tutelares e também da necessidade de ampliação da rede de creches na Cidade, principalmente em alguns bairros mais populares, como é o caso da Restinga. Ainda não tinha conhecimento, naquele momento, de um triste episódio ocorrido na Restinga, quando uma creche foi desativada de forma extremamente violenta por técnicos do DEMHAB, que desalojaram uma família que cuidava de vinte e cinco crianças. Temos defendido que as crianças de zero a seis anos têm que estar em creches, com todas as necessidades atendidas, com equipe e com orientação pedagógica. Porém, a falta de creches assistenciais comunitárias tem feito com que a população tenha procurado formas alternativas para cuidar das crianças das vilas. Além das dificuldades dessas famílias e da quase impossibilidade de atender essas crianças dentro dos preceitos pedagógicos, atendendo ao conjunto de suas necessidades, essa família da Restinga, cuidando de vinte e cinco crianças, ainda foi vítima de um ato de violência que derrubou aquela casa e deixou - inclusive naquele momento em que as crianças estavam presentes - aquelas crianças numa situação de maior abandono.

Esta Casa deve aprofundar o debate a respeito da responsabilidade pública sobre a área da assistência e sobre as ações efetivas que o Município - que já tem municipalizada a sua política de assistência - deve desenvolver em relação à população de baixa renda, em relação às crianças e adolescentes que precisam do apoio do Estado, no caso, do Município de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de registrar a presença dos alunos da Pré-Escola Oficina da Alegria, do Bairro Rio Branco, e das Professoras Solange, Luciene e Salete, que vieram visitar nosso Memorial e a exposição dos anos 30 aos 90. Queremos agradecer a presença de vocês.

O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

(O Ver. Juarez Pinheiro assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna para registrar um fato lamentável somente porque teve conseqüências bastante trágicas e funestas às pessoas envolvidas.

Eu lamento que o Ver. Adeli Sell não esteja no Plenário neste momento. Ele estava até há poucos minutos. Se ele estiver ouvido nos alto-falantes de seu gabinete, gostaria da sua presença, porque vou falar de S. Exa.

Estive no final de semana visitando a minha terra natal, Soledade, e Passo Fundo, onde, afora o frio que ainda está no Interior e atingindo, inclusive, esta Capital, soube de um fato que envolveu o Ver. Adeli Sell e que muito me chocou.

Que os pedágios instalados nas estradas do Rio Grande do Sul estão trazendo uma antipatia muito grande junto à população, nós aceitamos; com que esteja mal formulada a política de cobrança dos pedágios, nós concordamos; com que a cobrança de pedágio durante uma viagem torne essa viagem onerosa pelo número de postos, nós concordamos; com que haja pessoas contrárias à instituição dos pedágios, também nós concordamos, porque não há uma plausível resposta a que, numa quilometragem de 220km haja quatro, cinco pedágios. Com tudo isso nós concordamos. Nós não concordamos é com a postura do Ver. Adeli Sell, que, passando pelo pedágio da saída de Soledade, praticamente agrediu uma pessoa que trabalha à noite. O Vereador teve uma atitude antidemocrática, uma postura inadequada em relação àquela que deve ter um parlamentar em qualquer circunstância e esfera: municipal, estadual ou federal.

Eu não estou exagerando, por um detalhe muito sutil: é que esse rapaz que trabalha à noite no pedágio da saída de Soledade é casado com uma sobrinha minha; portanto, faz parte da família. Ele é, aliás, excelente. O rapaz, saindo da sua cabine, quis explicar ao Vereador que, se ele quisesse, poderia encaminhar-se à companhia ou à empresa de cobrança. O Vereador foi grosseiro, foi inadequado, foi ameaçador, extremamente deseducado com aquele operário, uma pessoa humilde, que, há até bem pouco tempo, estava desempregado e que agora conseguiu um emprego à noite.

O Ver. Adeli Sell contrariou todos os princípios de civilidade, de educação pessoal e de cidadania, inclusive os princípios políticos do seu Partido, que deve - presumo - defender os mais fracos, os trabalhadores. Aquele rapaz é apenas um trabalhador que ganha poucos reais para cumprir, à noite, com o seu ganha-pão.

Já há notícias no jornal de que o Vereador, em outra época, perto de Novo Hamburgo, já teria sido histérico, atropelador, mal-educado, grosseiro. Agora ele dedicou ofensas pessoais a esse rapaz na saída de Soledade. Então, fico profundamente sentido e não concordo que nós devamos misturar questões políticas com procedimentos inadequados com pessoas humildes. Eu não aceito esse tipo de coisa. Eu repilo violentamente as atitudes do Ver. Adeli Sell e não vão ser essas atitudes que vão acabar de diminuir os pedágios no Rio Grande do Sul. Não é esse tipo de grosseria com simples operários, com simples trabalhadores, que irá superar alguma coisa que nós politicamente podemos concordar com S. Exa. Não concordamos é com essa metodologia nazi-fascista, prepotente, em relação a operários que estão trabalhando à noite para ganhar o seu ganha-pão. Não podemos concordar com esse tipo de comportamento, com esse cinismo, porque aqui são educados e lá são prepotentes, com atitudes inadequadas ao conceito de civilidade que devemos ter com os nossos semelhantes...

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Esta Presidência informa que, quando recebeu a presidência dos trabalhos, não havia sido marcado o tempo de V. Exa., talvez por problema do cronômetro. Então, não tenho como dizer se o tempo de V. Exa. encerrou ou não. Portanto, vou-lhe conceder o prazo de dois minutos, ao fim dos quais poderá ser feita - já aproveito para esclarecer - alguma Questão de Ordem ou Requerimento.

Informamos ainda que o Ver. Luiz Braz vai reassumir a presidência dos trabalhos e vai marcar dois minutos, que é o tempo que resta ao Ver. Nereu D’Ávila para o encerramento da sua intervenção.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Nós estamos tendo um problema com o nosso cronômetro.

Vera. Maria do Rosário, V. Exa. sabe que não colocamos Questão de Ordem no meio da intervenção de Vereadores na Casa.

Ver. Nereu D’Ávila, V. Exa. tem mais dois minutos.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Então, nós queremos lamentar o fato e solicitar ao nobre Vereador que, na sua luta, com a qual politicamente podemos concordar... Porque, se formos analisar as questões na sua inserção com relação à adequação entre uma possível distância e o número de pedágios, está-se tornando mais fácil pegar um avião no seu horário promocional, às 6h, para Passo Fundo, que custará em torno de 50 reais. De carro, de Porto Alegre a Passo Fundo, teremos quatro ou cinco pedágios, mais o desgaste do carro, mais a gasolina, óleo do carro, o que sairá mais caro do que ir de avião, sendo muito mais rápido e confortável em relação ao carro. Sob esse ponto de vista, eu aceito a discussão e me proponho a, juntos, formularmos alguma coisa como Poder Legislativo, como instituição. O que eu não posso aceitar é o mínimo, que eu vou rotular de má-educação do Vereador em relação a essa pessoa, que é apenas um operário.

Quero lamentar, Ver. Adeli Sell, pois certamente V. Exa. estava “esquentado”, mas, de qualquer modo, acho que não é essa a solução para os problemas das estradas do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero levantar o art. 142, inc. VI, que diz que o Vereador não poderá referir-se a colega ou a representante do Poder Público de forma descortês ou injuriosa - esse é o nosso Regimento. Além do que o Ver. Nereu D’Ávila utilizou calúnia na tribuna. Nós acreditamos que, da forma pessoal e caluniosa com que o Ver. Nereu D’Ávila se referiu ao nosso colega de Bancada, Ver. Adeli Sell, é necessário que o Vereador tenha a possibilidade de responder aos ataques pessoais que recebeu, através do art. 94, que trata de tempo especial. Requeiro isso a V. Exa., porque não é possível que nós inauguremos aqui uma prática política na qual um fala, calunia e não se pode responder.

 

O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, o Ver. Nereu D’Ávila estava utilizando o tempo de Liderança de sua Bancada. É impossível para os tempos de Liderança das Bancadas concedermos aqui o Tempo Especial. O Ver. Adeli Sell, que foi citado, deverá utilizar, quando tiver o seu tempo, o seu espaço para poder responder. Eu não posso fornecer para cada Vereador que tiver o seu nome citado um tempo especial.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, o Ver. Adeli Sell foi citado com palavra de desrespeito profundo. Ele foi atacado de forma pessoal, como Vereador da Casa, mas na sua honra, e não é possível que isso permaneça. Eu quero solicitar que sejam retiradas da fala do Ver. Nereu D’Ávila as palavras injuriosas que usou contra uma pessoa que trabalha conosco e que tem tido uma luta, sim, contra os pedágios, mas tem tido respeito e merece respeito como todos os Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. faz o Requerimento para que o Ver. Nereu D’Ávila retire as palavras que V. Exa. julga injuriosas? Eu pergunto ao Ver. Nereu D’Ávila se ele vai retirar as palavras.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, nós que estudamos Direito sabemos que o que a Vereadora se referiu como calunioso não é a realidade daquilo que está inserido no Direito. Ou seja: calúnia seria atribuir a alguém fato que não ocorreu e, como o fato ocorreu com uma pessoa da minha família em Soledade, fica difícil para mim dar razão ao Vereador. Já havia saído no jornal que, em outra oportunidade, ele já teria criado um caso no pedágio em Novo Hamburgo. Não acredito que o rapaz fosse inventar uma história. Portanto, eu confirmo as palavras que disse.

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Eu requeiro, conforme diz o nosso Regimento, a utilização de um tempo especial para tratar de assunto relevante, porque eu acho que o fato se impõe, já que foi feita uma afirmação sem provas e não pode ficar para a população de Porto Alegre que ouve o Canal da Câmara e ficar nos Anais da Câmara uma afirmação de uma coisa que não cometi. E eu tenho provas de que não cometi essa barbaridade que disse o Ver. Nereu D’Ávila.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Adeli Sell, vou repetir o que disse à Vera. Maria do Rosário. O Ver. Nereu D’Ávila fez todas as suas afirmações utilizando o tempo de Liderança do seu Partido. Eu não posso, a cada ataque a algum Vereador, a alguma Bancada, fornecer um tempo especial, porque realmente não teríamos como prosseguirmos a Sessão dessa forma. Eu pediria que V. Exa. utilizasse, na ocasião própria, o tempo e espaço necessário para dar as respostas ao Ver. Nereu D’Ávila. Mas eu não posso, em nome do prosseguimento do nosso trabalho, fornecer o Tempo Especial a V. Exa.

 

O SR. ADELI SELL: Tenho outra interpretação do art. 94. Gostaria de saber como agir num caso de conflito entre a Mesa, que respeito profundamente, e este Vereador, quando acontece um fato tão lastimável, com nenhuma prova, nenhum documento, nenhuma gravação, como eu ser acusado. E, quem sabe, na próxima quarta-feira, eu possa utilizar uma Comunicação de Líder. Nessas 48 horas o meu nome pode ser enxovalhado, achincalhado pelo Estado inteiro por um ato que não cometi. Não podemos conceber que num parlamento moderno tal barbaridade aconteça sem direito de resposta.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, o Tempo Especial não pode ser utilizado, não deve ser utilizado para estas respostas. Acredito que terá momento especial que V. Exa. possa utilizar.

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Requeiro imediata liberação das notas taquigráficas do pronunciamento do Ver. Nereu D’Ávila porque preciso me defender.

 

O SR. PRESIDENTE: A liberação das notas taquigráficas é uma condição pessoal do Vereador. Ele tem direito de, nas 48 horas que seguem seu discurso, reter estas notas taquigráficas. Depois disso elas são públicas. O Ver. Nereu D’Ávila é que decide se fornece ou não as notas taquigráficas.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Creio que o Ver. Adeli Sell, aproveitando-se, anti-regimentalmente, num requerimento já fez a sua defesa. Diz que não houve o fato. Fica versão por versão. Não concedo as notas taquigráficas.

 

O SR. PRESIDENTE: Não vou mais permitir que os Vereadores ocupem os microfones de apartes para fazerem suas defesas. Houve, já, manifestação de V. Exa. na Comunicação de Líder que lhe coube. Houve manifestação dos Vereadores do PT, solicitando, através de requerimentos, todas aquelas providências que acreditavam ser corretas. Esta Mesa negou para eles, exatamente, uma das providências que estavam solicitando, que era a utilização do Tempo Especial. Pediria que V. Exa. também colaborasse com a Mesa, não utilizando mais o microfone de apartes para manifestação com relação a este assunto. As notas taquigráficas só dependem do Vereador, não dependem desta Presidência. Até 48 horas é o Vereador quem decide. O Vereador não precisa dar resposta agora. Pode dar resposta em qualquer momento.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, eu só lamento que recaia neste Vereador toda a procedência da condição de V. Exa. chamar a atenção de um Vereador do que é prática sistemática da Bancada do PT: de usar este microfone para coisas que não estão no Regimento. Eu lamento que recaia neste Vereador, que pouco usa este microfone. E agora a Bancada do PT está, em coro, dizendo “sim” ou “não”. Essa é a prática do PT, prática não compatível com o sistema democrático.

 

O SR. PRESIDENTE: Os trabalhos estão suspensos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h20min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h21min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu penso que o nobre Ver. Adeli Sell e sua eminente Líder, Vera. Maria do Rosário, conseguiram colocar para a população que nos assiste a possibilidade de uma análise das palavras do Ver. Nereu D’Ávila. Não vou julgá-las, pois conheço bem e gosto muito dos dois Vereadores, e não me cabe julgar. Agora, eu sempre penso que a pedra e a vitrine deveriam ser sempre respeitadas.

O Partido dos Trabalhadores, quando é pedra, é rigoroso, duro, sistematicamente não respeita nada. E tanto é verdade que a nobre Líder do PT, Vera. Maria do Rosário, e cito o seu nome, usou o art. 142 do Regimento e eu agora faço a mesma coisa. O art. 142, que ela usou, diz que, referindo-se a colega, o Vereador deveria declinar-lhe ao nome, precedido do tratamento de senhor ou Vereador. Não foi o que fez com o Ver. Hélio Corbellini. “O Vereador não poderá referir-se a colega ou a representante do Poder Público de forma descortês ou injuriosa.” É bom que se leia o discurso da eminente Líder do PT em relação às injúrias ao Governador licenciado e ao Presidente da República. Dois pesos, duas medidas. Não concordo com isso. Eu sempre trato bem todos, porque fica muito mais fácil, e, por tratar bem, acho que o PT deveria agradecer ao Ver. Hélio Corbellini. Naquele seu pronunciamento democrático, em que ele colocou que era posição sua, ele, no mínimo, estimulou um pouco a militância petista. Porque, na sexta-feira, quando eu saía daqui, na Av. Loureiro da Silva com a Augusto de Carvalho, seis bandeiras movimentadas por assessores petistas estavam ali instaladas. O horário era normal - não estou fazendo essa crítica. Mas eram apáticas as atuações, que nem o vento forte daquele momento conseguia que as bandeiras drapejassem. Que diferença das outras eleições! E fui olhando até a Auxiliadora, onde resido, e encontrei mais três bandeiras na Rua Ramiro Barcelos com Independência. Também não drapejavam, apesar de aquela ser uma esquina ventosa.

Agora, nada mais importante - parece - para o PT do que fazer críticas a todos e a tudo. Por exemplo: as pesquisas são todas mentirosas, só que são quatro pesquisas e hoje não vi nenhuma referência do Centro de Pesquisas do “Correio do Povo”, que é importante e correta, como também corretas são a Vox Populi, a Datafolha e o IBOPE. Todos são iguais. Todas chegam às mesmas conclusões, mas eles só preferem dizer que vão vencer. Não é o que as pesquisas dizem, e, evidente, as pesquisas refletem o momento. Mas o momento do “Rio Grande vencedor” é muito bom. Onze partidos apóiam, e não há dissonância entre eles. Há uma concordância perfeita entre todos. Apóiam com entusiasmo alguém que reergueu o Rio Grande do Sul e que queremos ver vencer, e, felizmente, as pesquisas nos levam a entender que vamos vencer mesmo no primeiro turno, e tanto no Governo do Estado como no Governo da União.

Mas é muito fácil falar da saúde, por exemplo. Acaso o PT não sabe que hoje fecharam as portas do Hospital Vila Nova por falta de assistência da Secretaria de Saúde do Município? Não houve diálogo. Agora, que fechou, juntamente com a Secretaria de Saúde do Estado, a Secretaria de Saúde do Município irá estudar o problema do Hospital Vila Nova. Eles estavam apelando, pedindo. É diferente do que acontece com o Governo do Estado, pois hospitais que estavam fechando no interior do Estado hoje estão funcionando plenamente; remédios estão sendo distribuídos. Aqui só distribuiu alguns favores na última hora.

Hoje vamos votar um favor eleitoral que era direito, não só de hoje - há muito tempo - para os servidores do Pronto Socorro Municipal. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Anamaria Negroni e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Antonio Hohlfeldt solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença da Ver. Antonio Hohlfeldt e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, gostaria de ceder ao Ver. João Dib, antes das 48 horas, as notas taquigráficas do meu pronunciamento para que ele possa ver que não houve nenhum ataque pessoal, mas uma avaliação política.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Provavelmente, pela eventual transferência da presidência, passou despercebido o tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, oficialmente, às 17h, inicia a Semana Farroupilha, oficializada no Município através da Lei nº 7.855, de 25-9-96, sancionada, na ocasião, pelo então Prefeito Tarso Genro. Lamentavelmente, Sr. Presidente, os dispositivos dessa Lei vêm sendo sistematicamente descumpridos no Município. A Lei previa, entre outras coisas, no teor do seu art. 2º, que a programação a ser desenvolvida na Semana Farroupilha deverá ficar a cargo de Comissão Especial a ser designada por ato do Exmo. Sr. Prefeito Municipal e integrada por representantes da Secretaria Municipal de Cultura, do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S/A, da Câmara Municipal de Porto Alegre, da Brigada Militar do Estado e da Coordenadoria da 1ª Região do Movimento Tradicionalista Gaúcho.

No parágrafo 1º do art. 2º da referida Lei, diz o seguinte: “A Comissão Especial constituída na forma disposta no ‘caput’ desse artigo designará um servidor municipal para exercer as funções de Secretário Executivo da mesma.” No parágrafo 2º diz o seguinte: “O Secretário Executivo designado por ato do Sr. Prefeito Municipal permanecerá à disposição da Comissão Especial em regime de tempo integral, de quinze de junho a trinta de setembro.” Ainda no art. 2º, parágrafo 3º, diz o seguinte: “Compete ao Secretário Executivo desenvolver os trabalhos de coordenação e articulação dos vários órgãos públicos e entidades não-governamentais envolvidos direta ou indiretamente com esse evento.”

A Lei é bem mais extensa, tendo sete artigos, mas o seu descumprimento já começa no art. 2º, eis que, mesmo vigorando desde 25 de setembro de 1996 - já estamos em 1998 -, ano após ano não há a designação da Comissão Especial a que se refere o artigo. Como conseqüência, não há designação do Secretário Executivo, começando o processo de descumprimento do dispositivo da Lei, o que é altamente lamentável, em se tratando de uma determinação legal que institui e oficializa a Semana Farroupilha no âmbito do Município de Porto Alegre e que procura fazer com que a Secretaria de Cultura do Município e os órgãos da municipalidade participem de forma objetiva desse esforço extraordinário que especialmente o MTG realiza no sentido de manter viva a tradição do Rio Grande, de preservar seus valores, de fazer culto aos nossos antepassados e dos feitos heróicos por eles desenvolvidos.

Eu diria até, e não exagero, que o único dispositivo da Lei que vem sendo cumprido é o parágrafo 2º do art. 4º, que diz que durante a Semana Farroupilha, entre os eventos cívicos, inclui-se obrigatoriamente uma Sessão Solene da Câmara Municipal, a ser efetivada em data próxima a 20 de setembro. Está designado o dia 17 para a ocorrência dessa Sessão Solene, o que se constitui num zelo do Legislativo Municipal de não deixar passar em brancas nuvens esse acontecimento, porque, de resto, tudo o que aqui é previsto - as promoções culturais junto às escolas municipais, a presença do Rio Grande hasteada -, tudo é desconsiderado e ignorado pelo Executivo Municipal, que, mais uma vez, deliberadamente, afronta este Legislativo na medida em que não cumpre as disposições da Lei.

Tenho uma mágoa muito profunda porque inúmeras leis de nossa autoria, que dependem de implementação por parte do Executivo Municipal, vêm sendo sistematicamente desrespeitadas. Agora, com muita mágoa, Ver. Nedel, eu incluo, no rol dos desrespeitos às decisões desta Casa que o Executivo Municipal tem incidido, mais esse, que é grave. Não cumpre a Lei que institui, que oficializa, no âmbito do Município, o culto à tradição do Rio Grande, a Semana Farroupilha. Isso é grave, é lamentável.

E eu concluo, Sr. Presidente. Mais do que o agravo que estou fazendo ao Regimento, faz o Chefe do Executivo Municipal ao descumprir sistematicamente as leis e agredir a tradição do Rio Grande. Isso é mais grave do que o meu erro, reconhecido, de ter afrontado o Regimento e ter me excedido no tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Apregoamos Requerimento, de autoria da Vera. Maria do Rosário, relativo à retirada do Requerimento de renovação de votação do Proc. nº 2499/97 - PLCL nº 018/97.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero agradecer a minha Liderança, Vera. Sônia Santos, por ceder o espaço para que eu possa utilizá-lo em nome do PTB.

É absolutamente normal, nesta época pré-eleitoral, quando faltam apenas pouco mais de quinze dias para chegarmos às eleições de 4 de outubro, que haja muitas tensões, que todos aqueles que se filiam a alguma ideologia estejam se confrontando e, mais ainda, neste espaço que é limitado, do Plenário da Câmara de Vereadores. É mais do que normal que tenhamos muitas disputas e muitas tensões, mas o que é muito importante é que, fora destas disputas, existem pessoas, Ver. João Dib, que procuram fazer com que a nossa sociedade possa estar com os seus interesses acima destas tensões, acima destas disputas, fazendo com que pessoas que são mal-assistidas, pessoas que recebem pouco apoio de toda a sociedade, que estas pessoas possam, de alguma forma, estar assistidas pelo trabalho que elas executam.

Eu vou falar de uma instituição que é grata para todos nós, aqui no Rio Grande do Sul, e eu tenho certeza de que os Vereadores desta Casa estimam sobremaneira as pessoas que estão à frente dessa instituição. Eu falo da nossa querida amiga, Dona Élida Messias Ferreira, que é a Presidente do Lar Santo Antônio dos Excepcionais.

O Lar Santo Antônio dos Excepcionais e a sua Diretoria estão convidando todos os Vereadores, toda a sociedade para a inauguração da sua nova sede amanhã, dia 15 de setembro de 1998. A nova sede vai ter novos leitos, uma nova assistência, acomodações melhores para que aquelas crianças - entre aspas, porque serão sempre crianças -, muitas vezes abandonadas, relegadas pela sociedade, que essas “crianças” possam, de alguma forma, estar sendo assistidas por pessoas tão nobres, como é o caso da Dona Élida. Eu sei que esta obra, presidida pela Dona Élida, merece apoio não apenas deste Vereador, não apenas da nossa Bancada, mas merece apoio de todos os Vereadores desta Casa. Vejo o Ver. João Dib manifestando-se. Já encontrei o Ver. João Dib tantas vezes nos eventos ligados ao Lar Santo Antônio dos Excepcionais. Também encontrei o Ver. Henrique Fontana. Acredito que obras como essas estão acima das tensões eleitorais, acima dessa disputa de poder aqui, no Rio Grande do Sul, e também em todo o Brasil. Em cada espaço do território brasileiro, temos bem presente essa disputa que só vai terminar no dia 4 de outubro.

É muito bom que possamos fazer um parêntese e registrar que, independente de qualquer tipo de disputa, esperando o apoio de todas as facções, desde a esquerda mais radical até a direita mais radical, o Lar Santo Antônio dos Excepcionais está lá esperando o apoio de todos. Faço questão de repassar este convite que foi feito para a nossa Instituição, para todos os Vereadores, para que possamos estar amanhã, dia 15 de setembro, presentes nessa inauguração dessa nova sede, dessas novas acomodações do Lar Santo Antônio dos Excepcionais. Vai ser na Av. Antônio de Carvalho nº 105, às 18h30min. Haverá uma missa; às 19h15min, haverá o descerramento de placas; às 19h30min, haverá uma visita às instalações e, às 20h, um coquetel.

Todos os Vereadores estão convidados e tenho certeza absoluta de que a Sra. Élida estará de braços abertos para receber todas as facções, tanto de direita como de esquerda, que estiverem dispostas a colaborar com as obras do Lar Santo Antônio dos Excepcionais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): O nosso Requerimento é no sentido de que votemos em primeiro lugar o PLCE nº 004/98, que trata de gratificação para os funcionários do Hospital de Pronto Socorro. Esse Requerimento parece ser consensual, pois já consultamos algumas Lideranças. O próximo Requerimento é da nossa Bancada e não chegamos ainda a um acordo se passaremos aos requerimentos, votando, em primeiro lugar, o Requerimento nº 184/98, que trata do BANRISUL.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: A Liderança do PTB não foi consultada quando da composição para apresentação desse Requerimento. Requeiro, então, que votemos, em primeiro lugar, o PLCE nº 004/98, depois, o PLL nº 147/97, o PLL nº 011/98, o PLL nº 210/97 e o PLL nº 060/97.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, existem dois projetos que tratam da questão do Pronto Socorro: o PLCE nº 004/98 e o PLE nº 022/98. Solicito que primeiro seja votado o PLCE nº 004/98 e depois o PLE nº 022/98, que trata da gratificação dos 110%. A proposta da Bancada do PT é esta: que, depois desses, passemos ao Requerimento. Proponho à Vera. Sônia Santos que façamos um acordo com relação a esses Projetos que citei.

 

O SR. PRESIDENTE: Suspenderei a Sessão para que V. Exas. possam entrar num acordo.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h48min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h54min): Estão reabertos os trabalhos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, existe um consenso no Plenário para que o PLCE nº 004/98 e o PLE nº 22/98 sejam votados em primeiro lugar. Concluída a votação desses Projetos, existem duas propostas. Eu proporia, então, que votássemos esse Requerimento de votação dos Projetos nºs 004/98 e 22/98 e que, ao final, nós analisássemos a continuidade dos trabalhos.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, eu proponho que, além da votação desses Projetos, fosse também colocado em votação o PLL nº 011/98. Até podemos fazer um acordo para que só o autor encaminhe a matéria. Depois nós passaríamos, imediatamente, para a votação do Projeto do BANRISUL.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, nós chegamos a um consenso acerca dos dois primeiros Projetos. Votamos os dois Projetos e, após, veremos se examinamos o PLL nº 011/98 ou apreciamos os Requerimentos.

A Bancada do PT tem uma proposta...

 

O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, nós vamos colocar em votação o Requerimento que solicita que os Projetos nº 004/98 e 022/98 sejam votados imediatamente. Logo após a votação desses Projetos, colocaremos em votação os outros Requerimentos para sabermos qual a ordem de votação dos projetos para continuarmos a Ordem do Dia de hoje.

Ver. Reginaldo Pujol, o Requerimento que nós temos para ser votado é o que solicita a votação dos Projetos nºs 004/98 e 022/98 em primeiro lugar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu entendo que a votação deste Requerimento não esgota o assunto e é equivocado votarmos só isso. Nós temos que votar num requerimento só qual a ordem de votação dos projetos que queremos. Se é para manter ou não manter, é isso que vou discutir.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, nós vamos suspender os trabalhos novamente, porque assim não vai adiantar. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h01min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, nós estamos acertando a seguinte situação: nós votaremos os dois Projetos do Pronto Socorro; depois da votação dos mesmos, nós reiniciaremos a discussão da Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Sim. Haverá um novo requerimento para reiniciar a discussão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Teríamos que terminar a votação dos dois Projetos. Este povo todo está esperando desde quarta-feira pela votação. Certo? Correto? Então, está bom! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar pelo PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero deixar lavrado aqui o meu protesto contra a retirada da Ordem do Dia de um projeto da maior importância, de um projeto que não vou discutir aqui o mérito. Mas quero dizer que, desde antes do recesso parlamentar, nós estamos tentando colocá-lo na Ordem do Dia e, evidentemente, por não haver interesse de uma determinada ala desta Casa, são postergados os debates e parece que está embutido na negativa de discussão deste Projeto - que é da maior importância, e a sua importância vai ser evidenciada na discussão - um ganho secundário ou um impedimento dirigido de que não seja discutido esse tipo de processo em período eleitoral, que preside as manifestações de determinados Vereadores de determinadas bancadas. Indiscutivelmente, perde a população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria da Vera. Maria do Rosário. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com voto contra dos Vereadores Cláudio Sebenelo e Fernando Záchia.

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2220/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/98, que altera o artigo 180 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, com redação dada pela Lei Complementar nº 385, de 18 de setembro de 1996, que assegura a incorporação de gratificações aos proventos de aposentadoria dos funcionários do Município, e dá outras providências.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, I e III, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.      

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral o PLCE nº 004/98. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se hoje eu ocupo esta tribuna com a tranqüilidade de sempre é porque, no dia 31 de dezembro de 1968, fui acolhido no Pronto Socorro Municipal e aprendi um pouco mais sobre o Hospital, sobre a sua gente, seus médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, ajudantes de enfermagem, faxineiros, sobre a cozinheira do Pronto Socorro, sobre o farmacêutico, sobre o laboratorista, sobre os homens do Raio-x. Eu aprendi muito. Aprendi a admirá-los e a respeitá-los. É, realmente, um hospital que precisa, merece o carinho de toda a população, que mais de uma vez já demonstrou isso, que tinha muito carinho pelo Pronto Socorro.

Em 1963, numa campanha do Flávio Alcaraz Gomes, da Rádio Guaíba, da “Folha da Tarde”, de socorro ao Pronto Socorro, em algumas horas, a população de Porto Alegre deu ao Hospital o melhor equipamento de Raios-x da época. Prova de que o Hospital é muito bom. E só é bom pelas pessoas que fazem com que ele funcione vinte e quatro horas por dia, todo o ano. Portanto, a proposição do Executivo é mais do que meritória, é mais do que correta. Os servidores do Pronto Socorro precisam levar nos seus proventos os benefícios que hoje têm, até porque a Prefeitura paga muito mal.

Eu gostaria que o Prefeito fosse ver no Montepio dos Funcionários Municipais a fila que se forma para fazer empréstimo. A fila começa às 10, 11h da noite, para que o servidor municipal seja atendido no dia seguinte, ao meio-dia. É sinal de que as coisas na Prefeitura não vão bem. Mas, se os servidores do Pronto Socorro merecem todo o nosso carinho, merecem toda a nossa atenção e consideração, esta mesma consideração eu não dispenso ao Executivo Municipal.

Dois processos entraram no dia 13 de julho. Eu nem vou discutir se, no momento eleitoral, é possível ou não, porque é tão justo, que nem a Justiça Eleitoral se pronunciaria contra. Mas eu só não entendo por que uma Prefeitura que tem carta-contrato contratando auxiliar de enfermagem, enfermeira e médicos todos os dias não pensou antes nos seus servidores que lá estão e dependem do salário que recebem, que são baixos, e só pensou no mês de julho. Não entendo por que esse Projeto de Lei deva ser votado sob a égide do art. 81. Nenhuma Comissão da Casa se manifestou a respeito. A Bancada do PT, que tem presença em todas as Comissões da Casa, não teve interesse em movimentar. Agora, com a proximidade do dia 4 de outubro, é muito importante que se vote. Tenho certeza - Ver. Nereu D’Ávila, que me escuta com bastante atenção - que todos nós votaremos favoravelmente, porque aquela gente do Pronto Socorro merece, e merece mesmo. Nunca vou poder transmitir todo o meu carinho, meu agradecimento àquelas pessoas que me carregaram no colo, que me fizeram fisioterapia, que me deram todas as condições para vir a esta tribuna hoje e dizer: estou presente para fazer justiça ao Pronto Socorro. Não é favor, é justiça aos servidores do Pronto Socorro.

O outro projeto estende a mais gente e também é justo, e vamos fazer o encaminhamento da mesma forma. Saúde e paz! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito aos senhores e senhoras que estão acompanhando a votação do Projeto, e todos são bem-vindos a esta Casa, que não haja manifestações, porque o nosso Regimento não permite.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e, principalmente, funcionários do Hospital de Pronto Socorro, que enfeitam hoje as nossas galerias com suas presenças vigilantes e de expectativa. Vocês são os verdadeiros ouvintes de uma pretensão do Executivo que vem a favor das pretensões pessoais de cada um de vocês. Nós, indiscutivelmente, pela unanimidade da Casa, vamos votar a favor pelo mérito do Hospital de Pronto Socorro Municipal que, apesar da Administração Popular, funciona humanizadamente, porque cada um dos seus funcionários confere humanidade ao atendimento.

Se o Ver. João Dib exemplificou o seu próprio caso, cada porto-alegrense tem, na sua família, uma pessoa que já foi atendida no Pronto Socorro Municipal, e o foi da melhor maneira possível. Eu estranho e acho cômico, para não dizer tragicômico, a frase final da Mensagem, que diz: “Na expectativa que o presente Projeto de Lei Complementar seja em brevíssimo tempo apreciado...”. Ora, vem pedir breve tempo, sempre apressadamente, a vinte dias da eleição que se avizinha! Evidentemente que, por trás de um projeto de grande mérito, eu denuncio uma proposta eleitoreira, e eu vou votar a favor dessa proposta. É uma certa conversa mole, e eu vou perguntar à Bancada do PT e aos senhores que administram o Paço Municipal por que até hoje nenhum Vereador desta Casa pôde acessar, em seus computadores, o Orçamento da Cidade. Porque a PROCEMPA veio aqui, conversou conosco e disse que ia nos brindar com essa imensa concessão de podermos fiscalizar o Orçamento através da nossa rede de computadores e até hoje nada. Eu gostaria de saber como é que estão os assuntos das cedências, e que até hoje, com essa conversa mole, nada houve de solução, e por que isso não foi feito há mais tempo.

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. Cláudio Sebenelo, vou garantir o tempo de V. Exa. Solicito que não haja apartes e, com toda a fidalguia, no momento em que ocupo a direção dos trabalhos, quero solicitar a V. Exa. que se mantenha na discussão do Processo nº 004/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Atendo com todo o prazer o pedido de V. Exa. desde que V. Exa. me prove que eu saí fora do argumento, porque o argumento é exatamente esse.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Cláudio Sebenelo, estou fazendo um pedido a V. Exa., que se refere à PROCEMPA, que não tem nada a ver com este Projeto. Estou respondendo a V. Exa. Não vou fazer aqui um debate. Vou conceder-lhe o tempo novamente, que foi suspenso, e V. Exa. pode reiniciar o seu discurso, com esse apelo da direção dos trabalhos para o seu bom andamento. Assim como solicito que não haja apartes anti-regimentais, que V. Exa. também se mantenha no tema, o que V. Exa. sempre tem feito, e peço agora que não se desvie do tema proposto.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Não vou polemizar com V. Exa., Sr. Presidente. Apenas quero dizer que V. Exa. colocou a metade da questão, porque a outra metade que eu estou falando, a que estou me referindo aqui, de que por de trás deste tipo de projeto altamente meritório existe, intencionalmente, um ganho eleitoral, na forma como ele foi encaminhado, e de brevíssima aprovação, como nos exigem sempre aqui, na Câmara Municipal... Vai ser aprovado o Projeto, sim. Nós vamos votar a favor, mas queremos enfatizar que, muitas vezes, nós somos vítimas deste tipo de projeto, deste tipo de proposta, de conversa mole. Ou V. Exas. concordam que uma série de exemplos que eu dou, exatamente nessa linha de raciocínio, é desviar do assunto? Ora, por favor, isso é muito parcial. Então, quero assegurar a V. Exas. o mérito do Projeto, o nosso voto a favor. Mas há um determinado ganho secundário, escondido atrás dessa proposta, numa mensagem que pede para sermos brevíssimos. Ora, sermos brevíssimos, Ver. João Dib! Por favor, é fundamental que o porto-alegrense saiba do usual pedido de tempo brevíssimo em projetos que há muito tempo já deveriam ter passado por aqui não fosse a incompetência do Governo Municipal, salvo, muitas vezes, pela bravura dos seus funcionários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Vereadores, estes dois Projetos de Lei estão articulados, e é por isso a importância de votarmos os dois Projetos de forma articulada, um após o outro, nesta tarde de segunda-feira, na Câmara Municipal. Por que é importante votarmos estes Projetos? Eu lamento que alguns Vereadores só pensem em eleição, porque há Vereador que assoma a esta tribuna, Ver. Cláudio Sebenelo, e chama tudo de eleitoreiro. Porque só pensam em eleição, tomam os outros por si próprio, tomam os outros governos pelo seu próprio governo.

Na verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é um projeto construído com os próprios servidores do HPS. Não é um projeto do Poder Executivo, não é um projeto que o Prefeito decidiu mandar agora porque é véspera de eleição. É um projeto que foi debatido, foi construído, foi trabalhado, que trouxe dificuldades, porque os recursos públicos são escassos, em que pese nós aplicarmos, em Porto Alegre, 13% da nossa receita em saúde pública.

Nós ouvimos o Ver. Cláudio Sebenelo, da oposição, utilizando a tribuna para elogiar o Hospital de Pronto Socorro. Eu valorizo muito esse pronunciamento, porque, há alguns meses, quando se fez, pelos meios de comunicação, uma certa campanha difamatória, o Vereador assomava esta tribuna para fazer críticas ao Pronto Socorro. Ainda bem que os pingos foram colocados nos “ii”. Eu lhe peço, Ver. Cláudio Sebenelo, que V. Exa. me escute. V. Exa. pede tanto para ser escutado pela Bancada do PT e não sabe escutar.

Eu quero dizer aos senhores e senhoras que acompanham esta votação que nós estamos orgulhosos de estarmos votando um projeto que corrige o que não estava correto. O que não estava correto, Srs. Vereadores? A gratificação de 110% só era concedida para aqueles que faziam regime de plantão. Ora, Srs. Vereadores, nós estamos fazendo um trabalho importante na área da saúde: no HPS, no Bom Jesus, no Pronto Socorro Zona Sul. Para quê? Para que os funcionários façam o atendimento como diaristas. Por que isso? Porque o funcionário diarista na área da saúde, Ver. Beto - que nos honra com sua presença hoje, nesta Sessão, como Vereador do PTB -, acompanha o paciente num dia durante todo o tempo. No dia seguinte, ele está junto com o paciente de novo. Assim, o tratamento é mais humano, mais qualificado, e nós podemos atender sempre melhor. Eu digo “sempre melhor” porque nós sempre tivemos confiança absoluta no atendimento do Hospital de Pronto Socorro.

 

O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, eu vou interromper o tempo de V. Exa. para dizer-lhe que nós estamos votando o PLCE nº 004/98, que trata da “incorporação de gratificações aos proventos de aposentadoria dos funcionários do Município”. V. Exa. está-se referindo ao PLE nº 022/98, mas o que estamos discutindo e votando é o processo da página 6.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, eu agradeço, mas, para argumentar, estou tratando dos dois Projetos com a mesma busca de justiça em relação a esses funcionários plantonistas. E o que estamos votando agora - e o Presidente alerta e é importante - é a possibilidade plena, um dispositivo na lei que incorpora, que trabalha a incorporação desses 110% para a aposentadoria, independente do regime de plantão, para aqueles que, mesmo não tendo cumprido o regime de plantão, mereciam. Receberam enquanto estiveram na ativa por compreensão, enfim, da Administração, da Direção do Hospital de Pronto Socorro, da importância da tarefa que realizavam junto aos pacientes, e agora existe a segurança da incorporação.

Temos aqui, acompanhando esta Sessão, pessoas que já se aposentaram, que estão no aguardo dessa incorporação, pessoas que estão no aguardo da aposentadoria para poderem se aposentar com a incorporação. É maravilhoso que estejamos votando aqui um projeto que é fruto do debate com a categoria.

Srs. Vereadores, a pior coisa que há, quando tratamos do funcionalismo, são aqueles projetos que caem de pára-quedas. Sabemos muito bem qual a nossa função como Vereadores. Não é a de criar gratificações. Num outro dia vimos, aqui, um Vereador criando gratificação para uma determinada categoria, tentando criar uma “saia justa” aqui, e quero dizer que não é essa a nossa função. Estamos aqui tratando dessa questão, analisando um projeto que veio do Executivo, mas que os funcionários construíram passo a passo, junto à Secretaria de Administração, e justamente numa caminhada contrária a tudo que acontece em termos de saúde pública. Na verdade, o que acontece em termos de saúde pública neste Estado e neste País não é de rir, é de chorar.

Não estamos, no Estado e na União, votando gratificações para funcionários. Os funcionários públicos federais estão há quatro anos sem receber um reajuste, quanto mais ampliar e garantir gratificações. A reforma administrativa só tira direitos. E em Porto Alegre, porque estamos trabalhando junto com os servidores públicos, estamos tratando do que é justo e buscando ainda mais a qualificação para quem, sem sombra de dúvida, merece que esta gratificação que já existe na prática exista na lei, de verdade, na vida das pessoas, garantida na lei. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto de Lei é de 13 de julho de 1998. Nós achamos da maior importância este Projeto dado que, finalmente, está-se tratando o Pronto Socorro com a excepcionalidade que sempre teve, porque, quando se quer tratar de coisas que têm a questão do “plus”, de mais, de acréscimo, o que implica esforço além do normal, há que se tratar diferentemente. Aliás, o conceito de justiça mais aceito pela sua síntese perfeita é: fazer justiça é tratar os iguais igualmente e o desiguais desigualmente. No caso, é desigual e tem que ser tratado desigualmente do resto do funcionalismo. Não é necessário dizer por que: é só falar que é do Pronto Socorro.

Sob esse ponto de vista, eu estou “chovendo no molhado”, e nem seria necessário dizer que a Bancada do PDT chancelou o acordo de votação deste Projeto em primeiro lugar para, finalmente, liberar as pessoas que estão esperando a conclusão desta votação.

Quero requerer ao Executivo, aproveitando a votação destes dois Projetos do Pronto Socorro, inclusive a justiça que se está fazendo, e o faço com humildade, mas com bastante convicção, que tenha também a mesma postura de eqüidade e de tratamento diferenciado a quem merece, como a questão dos radiologistas, que foi um projeto deste Vereador, que transformou os Operadores de Raios-x em Técnicos de Radiologia, e que esta Casa, derrubando o Veto do Sr. Prefeito por votação superior à requerida para a derrubada de um veto, e que, excepcionalmente ou por razões ignoradas, até hoje não foi colocado em prática... Ou seja: o Executivo tomou uma posição, no mínimo, estranha, vendo que o Veto foi derrubado, que o Parlamento quer dar ao Pronto Socorro o tratamento que ele merece em todos os seus setores. Inclusive, saiu há pouco um edital requisitando pessoas, Técnicos em Radiologia que tenham requisitos especiais, e depois, quando entram na classificação geral da Prefeitura como Operador de Raios-x, recebem menos que o edital havia proposto. O que está ocorrendo? O Executivo silenciou em relação à não-aceitação do Veto. E há uma diferença salarial, até de pouca monta, individual, mas para quem está em uma situação difícil, como todos estamos, qualquer aumento, mesmo de pouca importância, para o bolso do funcionário é importante. E o Executivo silenciou. Aceitou a proposta de que os Operadores são Técnicos em Radiologia, mas não está pagando a diferença, agora, certamente, alegando que a Lei Eleitoral não permite.

Mas eu aproveito e peço que haja isonomia de tratamento por parte do Executivo. Se o Executivo reconhece que esses funcionários merecem a gratificação de 110%, que outros funcionários assim o mereçam, e nós achamos correto, porque são situações excepcionais de trabalho, de horário, de esforço, de dedicação. Quero solicitar é o mesmo tratamento. Já que se reconhece que todos os funcionários, em determinado momento, como é o caso do Projeto, devem e terão gratificação especial, e nós seremos unânimes nessa situação, que, por favor, tenha o mesmo olhar para aqueles que o próprio edital exarado pelo próprio Executivo reconhece como Técnicos em Radiologia, só que o Executivo até hoje não pagou essa diferença. Eu quero um tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente em exercício, Ver. Juarez Pinheiro, Sras. e Srs. Vereadores, senhores funcionários, é claro que nós estranhamos que matéria como esta venha à votação na véspera da eleição, porque se trata de um benefício a ser recebido pelos funcionários públicos municipais. Eu só sei que não é ilegal porque as eleições que estão se travando são em âmbito do Estado e da União, não são eleições municipais. Só por esse motivo esse processo não é ilegal, mas é claro que é estranho que venha na véspera das eleições. Mas, se existe essa boa vontade por parte da Administração, de conceder estes benefícios, por que não cumprir com a legislação, dando ao funcionário público aquilo que é dele e que foi tomado durante tanto tempo?

Em maio de 1995, a então chamada Administração Popular decide utilizar o IGPM ao invés do ICV, como estava sendo utilizado, e retira do funcionário público boa parte daquilo que ele tinha para receber em matéria de aumentos. Essa questão está na Justiça e o Executivo Municipal perdeu aqui em 1ª Instância, perdeu em 2ª Instância, perdeu no Supremo, e agora faz apenas manobras procrastinadoras, tirando de todos os funcionários públicos municipais 27%. E eu quero que venha alguém aqui e me desminta, porque o processo está em minhas mãos. Eu tenho cópia dele. São 27%. Eu quero cumprimentar o SIMPA porque, afinal de contas, foi ele o responsável por fazer com que esse direito do funcionário pudesse ser resgatado dentro do Judiciário. É hora de fazer com que essas manobras procrastinadoras parem e que o funcionário possa ter o que lhe é de direito. Mas tem mais. Existe um adicional noturno para professores e funcionários que trabalham à noite na rede municipal de ensino. Há um parecer da Procuradoria-Geral do Município mandando pagar desde 1995. Há também o difícil acesso, qualificação para professores com carga horária menor que 20h/semanais, com parecer do Procurador-Geral do Município mandando pagar desde 1995.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem sido, na condução dos trabalhos, extremamente diligente para que os trabalhos tenham um bom andamento e tem feito isso nos últimos três meses, principalmente, com grande eficiência. Há pouco a Vera. Maria do Rosário equivocou-se na discussão de um dos projetos e V. Exa. chamou a atenção dela, de forma respeitosa, de que ela estaria discutindo o segundo e não o primeiro projeto. E, sendo o senhor o Presidente da Casa, não querendo fazer nenhuma disputa com V. Exa., mas a juízo deste 1º Secretário que, no momento, ocupa a direção dos trabalhos, V. Exa. está saindo do tema objeto da discussão, mesmo sabendo que, na questão, por exemplo, dos 27%, poder-se-ia fazer uma derivação de que estava discutindo o direito dos funcionários. Agora, tratando de outras gratificações, este Presidente eventual dos trabalhos, entendendo que V. Exa. se afastou do tema, solicita a V. Exa. que retome a matéria objeto da discussão. Obrigado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Querido amigo Ver. Juarez Pinheiro, não estou me afastando do tema. A única coisa que estou fazendo é trazer dados que acredito serem extremamente importantes para complementar a posição desta Câmara e dos Vereadores que estão aqui para votar esta matéria. Estamos tratando de uma gratificação que será recebida pelos funcionários, e, como são funcionários públicos municipais, estou falando de algumas perdas desses funcionários durante o tempo. Estou relacionando, desde 1995 até agora, algumas perdas. Estou solicitando que o Executivo Municipal, ao lado dessa gratificação que acredito extremamente justa - injusta é não receber -, estou colocando que, junto com isso, seja reconhecido o direito do funcionário naquelas perdas que teve desde 1995, perdas essas que estão sendo discutidas na Justiça e já com ganho de causa para os funcionários. E estamos apenas solicitando.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, seu tempo se encerra. A Vera. Sônia Santos se inscreve e cede seu tempo a V. Exa., mas, como havia outros Vereadores inscritos antes, pergunto se não há nenhum óbice quanto a isso. Não havendo objeções, continua com a palavra o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quero agradecer aos Vereadores que estavam inscritos e que, a exemplo do que fez a Vera. Sônia Santos, deixaram este Vereador continuar na tribuna. Apenas encerrarei o pronunciamento que estou fazendo sobre a incorporação dos proventos de aposentadoria das gratificações, que estão relacionadas neste processo. E utilizei o tempo que tinha apenas para dizer o que o funcionário está perdendo, o que está deixando de ganhar hoje, das vitórias que o funcionário público está obtendo na Justiça, vitórias essas que não estão sendo - e não sei por que - reconhecidas de imediato pela Administração Popular, e algumas outras decisões da própria Procuradoria-Geral do Município. E o Ver. Elói Guimarães é um dos Procuradores do Município e os Procuradores é que orientam a Administração com relação a benefícios que os funcionários têm direito, como é o caso de adicional noturno para os professores, e que a Administração custa a reconhecer esse direito. Acredito que é o momento de fazermos justiça.

Este Projeto vem fazer justiça, porque vem dar aos aposentados o que eles têm de direito, de acordo com o art. 40 da Constituição, que traz aos aposentados todos os benefícios que os funcionários da ativa têm. Até agora isso não estava sendo respeitado pelo Executivo Municipal. E o Projeto de Lei do Executivo 022/98 faz justiça, também, aos nossos funcionários do Hospital de Pronto Socorro.

Não poderia deixar de fazer referência a todas essas lutas dos municipários e cumprimentar o SIMPA - Sindicato dos Municipários, através de seu Presidente, por todas essas vitórias conseguidas. Ficamos preocupados, na semana passada, quando o Presidente do Sindicato teve a sua kombi alvejada por vários tiros e sua vida colocada em risco.

Solicito, mais uma vez, que o Sr. Prefeito Municipal reconheça o direito dos funcionários públicos municipais, como está reconhecendo agora o direito dos aposentados e parte do direito dos funcionários públicos do Hospital de Pronto Socorro. Recebemos uma delegação do Hospital de Pronto Socorro e ficamos sabendo que existem ainda muitos pleitos solicitados pelos funcionários do Hospital de Pronto Socorro, pleitos que são justos e merecem atenção. Que o Sr. Prefeito Municipal venha atender outros benefícios que os funcionários deixaram de ganhar desde 1995! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores servidores ativos e aposentados do nosso Hospital de Pronto Socorro e população de Porto Alegre. Venho à tribuna porque, em alguns momentos, ouvimos tantas explorações políticas a respeito de um tema que está sendo tratado com a maior seriedade, que é necessário recolocar algumas coisas para que ele, de fato, esteja no lugar onde deve estar. É importante dizer que esse tema foi fruto de diversas reuniões, onde inclusive este Vereador, na época Secretário Municipal da Saúde, buscava, junto com o Governo e servidores, a melhor alternativa para corrigir uma distorção que havia em nossa relação com esses servidores.

Já que o Ver. Luiz Braz referiu-se aos atrasos da atual Administração Municipal e das diversas injustiças que essa Administração comete, eu quero relembrar - ele talvez não tenha nem lido - a Exposição de Motivos do Projeto, Ver. Alberto Moesch, que diz o seguinte: “Na verdade, a história desse problema data da Lei nº 5.913, de 07-7-87, que introduziu a gratificação de 25% para os servidores com efetivo exercício no cargo que ocupavam no Hospital de Pronto Socorro.” Após, em 08-7-88, essa Lei foi modificada e esses 25% passaram para 70% de gratificação, e aí introduziram dizeres na Lei, Ver. Luiz Braz - que talvez não tenha lido essa matéria -, que diziam que a gratificação seria por exercício de atividades médicas e paramédicas sob regime de plantão. Aí começou o erro que, inclusive, ocorreu em data anterior à de nossa responsabilidade enquanto gestores públicos do Município de Porto Alegre. É evidente que isso era uma injustiça e um equívoco - e não digo que tenha sido feito propositadamente, pode ter sido até um engano do legislador na época - porque o servidor municipal auxiliar de enfermagem, enfermeiro, médico, agente administrativo, ou qualquer outra pessoa que trabalha no HPS, trabalha em regime de plantão ou em regime rotineiro diarista por uma escolha do próprio Hospital.

Em muitos momentos, em muitas profissões e funções, é mais adequado e eficiente, para o bom funcionamento do hospital, que o servidor opere no chamado “horário horizontal”, ou seja, trabalhe seis horas por dia, e não em regime de plantão. Aí se estabeleceu uma injustiça, porque esse que, a pedido do Hospital e para melhor gerenciamento do Hospital, para melhor atendimento e para uma eficácia maior do Hospital, trabalhava no horário chamado “horizontal” era prejudicado porque não estava atendendo esse ditame da Lei, que diz “... sob regime de plantão”.

A Lei nº 6.309, de 28-12-88, que é uma terceira lei, corrigiu o fato de não citar apenas atividades médicas e paramédicas e reconhecer, então, a igualdade de todos os servidores do Hospital de Pronto Socorro, que são, evidentemente, todos eles, tão responsáveis quanto qualquer um pelo sucesso da atividade do Pronto Socorro. Incorporou-se o exercício em atividades sob regime de plantão, tirando o dizer “paramédicos e médicos”, incluindo todos os servidores. Mas continuava o dilema do “sob regime de plantão”. O que ocorreu é que o Tribunal de Contas - e esse assunto chegou a minha mesa quando Secretário de Saúde do Município de Porto Alegre, durante o ano passado - começou a contestar as decisões do Município.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, vou assegurar o tempo de V. Exa., mas quero esclarecer o Plenário, porque está havendo algumas intervenções anti-regimentais, embora com o intuito positivo, no sentido de querer orientar a Mesa. Temos dois projetos em discussão relativamente ao Pronto Socorro. O Ver. Luiz Braz me acenava que esta Presidência não estava tratando adequadamente da matéria porque o Vereador discutia outro projeto. Esclareço que um trata da incorporação da gratificação, que é o que está em discussão; o outro Projeto, que será posteriormente apreciado, trata de estender a gratificação de 110% também a outros setores, mesmo que não localizados no Pronto Socorro e no regime de plantão. Acho que o Vereador estava no tema, mas faço essa observação para evitar que apartes anti-regimentais possam atrapalhá-lo na sua intervenção. Devolvo o tempo a V. Exa.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a partir de contestações do Tribunal de Contas, que diziam que como os dizeres da Lei colocavam a necessidade de que os servidores estivessem sob o regime de plantão e que não era possível continuar incorporando esta gratificação - justa, aliás, e necessária - sem que fosse modificada a Lei, nós tratamos, durante um período...

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa., com a concordância dos Vereadores Carlos Garcia, Elói Guimarães e Guilherme Barbosa. V. Exa. tem mais cinco minutos.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Nós tivemos, então, à época, diversas reuniões com a Direção do Hospital de Pronto Socorro, que dialogava com os servidores - alguns aposentados - a este respeito, e procuramos, de todas as formas, acelerar a busca de solução para este tema. E me impressiona muito, Sr. Presidente, que alguns Vereadores venham a esta tribuna para dizer, de um projeto desta justeza, que foi discutido e debatido até que se encontrasse a solução no período adequado, que, como ele está em votação hoje, esta seria uma posição eleitoreira do Executivo Municipal.

Ver. Beto Moesch, o meu entendimento é que nós devemos votar projetos dentro da Câmara de Vereadores antes, depois e durante o período eleitoral se eles forem justos e corretos, e não devemos buscar este argumento para atrapalhar um assunto que foi discutido ao longo de muitos meses. E se algum reconhecimento eu deveria fazer aqui é de que, quem sabe, nós poderíamos ter sido mais ágeis no Executivo. Eu digo isso criticamente, porque tentamos, ao máximo, agir com a maior rapidez possível para que pudéssemos ter chegado com este Projeto talvez um ou dois meses antes do que ele terminou chegando à Câmara. Agora, é muito duro, Ver. Luiz Braz, ouvir de V. Exa. determinadas críticas à política municipal no trato das questões dos salários dos servidores municipais, porque, se pudéssemos... E podemos, sim, dizer à população de Porto Alegre que, sempre que possível, devemos lutar para qualificar e melhorar as condições de trabalho e de salário do servidor público municipal de Porto Alegre e que esse é o nosso desejo e objetivo. Agora, é duro e quase inaceitável ouvir uma crítica tão contundente e virulenta de um Vereador que, quando avalia a gestão pública nacional neste País, não é capaz de fazer uma crítica ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, que, este sim, deixa os servidores federais há quatro anos sem nenhum centavo de reajuste. Pergunto à população de Porto Alegre e aos próprios servidores do Município o que eles esperariam se fossem esses partidos que governam o Estado e o nosso País a definir a política salarial dos servidores do Município de Porto Alegre, porque, se eles aplicassem aos servidores do Município de Porto Alegre a mesma política salarial que eles aplicam ao governar o Estado, com Britto, e ao governar este País, com Fernando Henrique, o servidor de Porto Alegre estaria há quatro anos sem nenhum centavo de reajuste.

Então, é preciso coerência e mais compromisso com o que se diz aqui desta tribuna, e não prometer aquilo que não se pode fazer. E não se pode induzir as pessoas a um raciocínio fácil de que as coisas podem ser diferentes quando exatamente aqueles que trazem as dificuldades ao Município são os que governam o País e o Estado e retiram recursos municipais progressivamente através de alterações tributárias, como a Lei Kandir e o FEF, que retiraram muitos milhões de reais do Município de Porto Alegre e que poderiam ser utilizados para melhorar o salário dos servidores. Mais do que isso, são os mesmos que não reconhecem, na Assembléia Legislativa e no Governo do Estado, que o Governo do Estado e o Orçamento estadual - o Governador Antônio Britto - deveriam destinar recursos estaduais para auxiliar o financiamento do Hospital de Pronto Socorro, que atende 40% de sua demanda de pacientes vindos de outras cidades que não Porto Alegre. É um hospital de referência estadual e o Governo do Estado vira as costas para o Hospital de Pronto Socorro, e eu assisto virem a esta tribuna diferentes Vereadores da base governista dizerem que gostam muito do Pronto Socorro, mas que não fizeram um movimento sequer para que o Governo do Estado reconhecesse a importância do Pronto Socorro e destinasse recursos públicos estaduais para melhorar as condições desse excelente hospital que presta serviços memoráveis para a população deste Estado e que é reconhecido por todos. É preciso, Ver. Nedel, coerência entre o discurso e a prática.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Quando V. Exa. usar o tempo do seu Partido, vou ouvi-lo. V. Exa. tem tempo para se inscrever e para colocar os seus argumentos. Eu, talvez, use outro tempo para continuar o debate com V. Exa.

Votaremos favoravelmente ao Projeto porque ele é, absolutamente, justo e necessário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, se é um momento eleitoral ou não eleitoral, não importa. O que importa é que está sendo proposto que os funcionários do Hospital de Pronto Socorro tenham direito a incorporar essa gratificação dos proventos, sendo extensivo aos aposentados. Esta discussão é bem mais ampla. O Ver. Henrique Fontana deve estar lembrado de uma proposta de emenda que fizemos ao Orçamento do Município solicitando a viabilidade de hospitais de pronto atendimento na Zona Sul de Porto Alegre. Todos os pronto-atendimentos também estarão incorporados neste Projeto porque, na realidade, essa extensão, cada vez mais, tem que ser dimensionada. Não adianta querer, agora, culpar o Município de Porto Alegre pelo caos da saúde, porque sabemos que a questão da saúde não é uma questão do Município, é do Brasil, e ela está em todos os segmentos, seja na indústria, que se discute todos os dias a questão dos remédios, seja na questão dos repasses.

Eu pergunto: o que está sendo feito com o desconto da CPMF, que é destinado para a saúde? Então, essa discussão é bem mais ampla. Agora, é mais do que justo que esses funcionários recebam essa gratificação. Por que quinze anos? E essas pessoas que estão se aposentando, alguns recentemente, também querem receber esses subsídios. Assim, volto a insistir: não é a questão do momento eleitoral ou não. Chegou aqui. Aqueles que entenderem ser contra, que votem contra; mas nós, do PSB, não acreditamos. Acreditamos no bom-senso de todos os Vereadores e que todos serão favoráveis, porque tem o mérito social e é questão de se fazer justiça. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho adotado como critério, há duas décadas, que toda e qualquer matéria que vem à Casa por iniciativa do Executivo, ou mesmo quando de autoria legislativa, que assegure direitos ou vantagens ao funcionalismo, de votar a favor. É uma posição firmada e irrelevante a este ou àquele governo por razões as mais fundamentadas. Primeiro, porque, se nós examinarmos os ganhos do funcionalismo, nós todos vamos concordar que são baixos. Os funcionários são mal-remunerados. É uma realidade nacional. Vale para todas as categorias. Segundo, porque uma vantagem como essa de incorporação aos aposentados, além de estabelecer a isonomia, traz à discussão uma realidade, porque o funcionário, enquanto em atividade, ele estabelece o seu padrão de vida - a vida é assentada naquilo que ele ganha. Então, que fundamentação ética, econômica existe para após a aposentadoria perder uma parcela do salário? E na prática acontece - as pessoas que estão me ouvindo sabem perfeitamente - que, quando se perde uma parte do salário, se reduzem gastos na alimentação ou no lazer, na saúde, nisso ou naquilo. Porque o funcionário, durante a vida toda, estabeleceu os seus encargos em cima daquele salário, onde está a gratificação. Quando ele se aposenta, cai aquela parcela. Conseqüentemente, cai a necessidade que vinha mantendo em determinado setor, seja na habitação, na educação, alimentação, saúde, etc.

Se bem examinarmos essas questões, chegaremos à conclusão de que, para os salários, para as gratificações, há que se estabelecer um prazo de carência. Não se pode, por exemplo, dar uma gratificação hoje e amanhã sair e levar. Não! Dentro de um prazo - acho muito longos esses prazos: cinco anos, dez anos, quinze anos -, o que tínhamos que levar para o estatuto, de forma universal, seria: aquilo que o funcionário percebe enquanto na atividade deve levar para a aposentadoria. Isso é de indiscutível e total justiça, porque é a sua vida. São as suas necessidades que se assentam naquele valor que ele recebe. Então, nada mais justo, nada mais correto do que este Projeto. Se vem em época de eleição, pré-eleição, por este ou por aquele governo, eu tenho que olhar pelo funcionário. Esta é uma hora em que não se olha para quem está governando, absolutamente. Isso é uma política de pessoal, é uma política de justiça, é uma política de isonomia. Nesse sentido nós temos que ver quem? Aqueles que durante anos e anos exerceram a atividade, Ver. Lauro Hagemann. O pessoal, os funcionários, lidando com o HPS e outras atividades afins, o que isso representa em termos de sacrifício, de desgaste em atender as pessoas doentes ou acidentadas.

Nada mais justo e correto que o presente Projeto ser aprovado por unanimidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é difícil constituir consensos na Cidade, mas o Pronto Socorro de Porto Alegre é, sem dúvida nenhuma, um desses consensos. De fato, como já disse alguém nessa tribuna hoje, talvez não haja nenhum lar, nenhuma família de Porto Alegre que não tenha um dos seus componentes atendido pelo Pronto Socorro. Uma entidade como essa se constrói, se faz não apenas pelo seu edifício, que será, inclusive, ampliado daqui a poucos dias, pelos seus equipamentos, mas muito em função dos seus servidores. Às vezes, não adianta ter bom prédio, bons equipamentos se não tiver profissional preparado e dedicado. Acho que ao longo do tempo temos conseguido isto: juntar essas três parcelas no Pronto Socorro. Podemos dizer que o nosso Governo tem investido muito no Pronto Socorro: em equipamentos, em qualificação e, também, no seu corpo funcional.

Este Projeto vem no sentido de corrigir - repito aqui o que já foi dito, por verdadeiro - uma injustiça. É necessário que as pessoas, ao se aposentarem, levem na sua remuneração da aposentadoria aquele acréscimo que, ao longo do tempo, vêm recebendo mensalmente.

Quero observar - acho que o Ver. Carlos Garcia não se encontra, agora, no Plenário - que é preciso, sim, que tenha um tempo que regule o recebimento e a incorporação desse acréscimo. O Ver. Garcia está lá, sim, me escutando. Por quê? Para que se evite uma corrida, digamos, querendo todos passar ao Pronto Socorro e, simplesmente, na eminência da aposentadoria, levar essa gratificação. Não é o caso da maioria, com certeza, mas alguns poderiam pensar em fazer isso. O número de anos é um debate. Então, é preciso que haja um certo limitador para ser evitada essa situação à qual me referi.

Não podemos deixar de comentar aqui nesta tribuna, uma vez que foi comentada por outros Vereadores, a relação salarial que se estabelece: o que temos no Município e o que temos no Governo do Estado e o que temos na Federação. É, às vezes, surpreendente ouvir Vereadores que são da base de sustentação do Governo do Estado, da base de sustentação do Governo Federal, fazerem uma crítica contundente à política salarial do Município. Isso é surpreendente quando sabemos que o Governo Federal incentivou a demissão de milhares e milhares de funcionários e que, desde que assumiu o atual Presidente, aquele que já lhe foram cortados os cinco dedos porque não desempenhou nada do que prometeu, os funcionários estão, desde 1º de janeiro de 95 até hoje, sem qualquer reajuste. Muito parecido, o Governo do Estado incentivou demissão de milhares e milhares de funcionários. Ninguém tem reajuste. Não cumpre a Lei que ele próprio mandou para a Assembléia Legislativa. Nós, com dificuldades, mantemos uma política de reajuste bimestral. Eu gostaria de saber qual a categoria neste País, do setor público ou do setor privado, que tem reajuste bimestral? Miudinho às vezes, porque dizem que a inflação bimestral é assim, miudinha. Mas se mantém o reajuste. Qual foi o questionamento feito em 95...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa, interrompo o tempo de V. Exa. apenas para avisá-lo de que estamos discutindo o projeto da página 6 (PLCE nº 004/98) dos avulsos. Eu acredito que V. Exa., nesse exato instante, foge do tema. Eu devolvo o tempo de V. Exa.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Muito obrigado. Mas eu estou fazendo exatamente o que V. Exa., Presidente desta Casa, fez nesta tribuna. E, se o Presidente não acata o Regimento, eu não sou obrigado a fazê-lo. Eu estou exatamente a fazer o que V. Exa. fez deste local e desta tribuna: comparou outras questões que não aquelas do Projeto. Eu lamento dizer isso, Vereador-Presidente, porque eu gostaria que o Presidente fosse o guardião do Regimento.

Então, eu estava dizendo que é surpreendente que esses Vereadores que são da base de apoio desses governos venham fazer comparação quando defendem leis e governos que não têm o mínimo respeito pelos funcionários estaduais e federais. Aqui, apesar de tudo, se tem uma lei muito melhor. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu creio que essa discussão exaustiva já deixou claro qual é o objeto da discussão. Ou nós concordamos que aqueles trabalhadores do Pronto Socorro que lidam com a vida das pessoas têm direito de incorporarem a gratificação de 110% ou não concordamos. Não devemos mais ficar nessa discussão exaustiva. Ninguém aqui tem tão poucos neurônios que não entendeu qual é o objeto. Os funcionários do Pronto Socorro, nos plantões, têm um desgaste imenso e há muitos anos recebem, nos seus vencimentos, essa gratificação. Eles têm ou não direito de levar para casa essa gratificação? Esse debate está tentando impedir uma discussão fundamental para este Estado, que é a alteração da Constituição Estadual no que tange a haver plebiscito para que se possa ou não privatizar, à população decidir sobre o BANRISUL.

Quanto ao Projeto em debate, incorporação ou não, todos os Vereadores já estão absolutamente conscientes: ou votam a favor ou contra a incorporação. Por favor, não vamos prorrogar esse debate de forma demasiada, ocultando o verdadeiro objeto, que é a discussão posterior do Requerimento que trata da colocação, na Constituição Estadual, da necessidade de plebiscito para privatizar o BANRISUL. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não pretendia discutir a matéria, mas o assunto parece que está sendo levado para um outro lado. Ninguém discute a importância do presente Projeto. Somente estranhamos que ele seja enviado em período eleitoral para a Câmara. Estranhamos!

Eu gostaria de ser o porta-voz do SIMPA, que nos colocou alguns detalhes para esclarecimento dos Srs. Vereadores e da sociedade. Diz o SIMPA que é favorável a este Projeto que incorpora as gratificações e concede gratificação por plantões no Pronto Socorro. E diz ainda que é sempre louvável a iniciativa de colocar em lei o direito do trabalhador, evitando, assim, que seja retirado a qualquer momento, e por motivos vários, esse direito. Contudo, o SIMPA não pode deixar de expressar a falta de diálogo da Administração com o representante legal do funcionalismo.

O assunto em pauta, ilustre Ver. Guilherme Barbosa, já é caso de várias ações judiciais devido à insistência do Governo Municipal em incorporar a gratificação somente após quinze anos. O SIMPA entende diferente, interpretando a Lei 133/85: que deve o servidor que se aposentou após dezembro de 1988 incorporar a gratificação de 110% após recebê-la por cinco anos. Caberia uma discussão à mesa de negociação, mas o Executivo, como vem fazendo nos últimos três anos - e é muito bom que a sociedade saiba disso -, vem-se negando, nos últimos três anos, a conversar com o SIMPA, prevalecendo a sua imposição.

O SIMPA diz que não é intransigente. Luta e defende os interesses dos funcionários da Prefeitura de Porto Alegre. Neste caso, o Projeto em pauta tem o aval da entidade. Esperamos, entretanto, que o Prefeito Municipal deixe o autoritarismo de lado e passe a discutir as questões trabalhistas com o Sindicato, assim como uma forma de saldar a dívida que tem com os municipários na questão do índice do reajuste de salário: os famosos 27,5% que o Sr. Prefeito se nega a pagar aos funcionários, retirando dos bolsos dos funcionários, como foi, insistentemente, enfatizado aqui pelo Ver. João Dib, negando-se a pagar aos funcionários esse direito. Existem Vereadores que são favoráveis aos funcionários, mas, quando vem uma gratificação para os professores, votam contra os professores. Professores votando contra professores! Não dá para entender.

Então, senhores e senhoras, somos a favor deste Projeto, lamentando que ele foi encaminhado em período eleitoral. Lamentamos que existam Vereadores que venham falar aqui de setores dos Governos Estadual e Federal, esquecendo-se que são Vereadores de Porto Alegre e que devemos discutir Porto Alegre. Negam-se a discutir o assunto de Porto Alegre, retirando 27% de dinheiro do bolso dos funcionários, 27% que lhes são devidos.

A coerência sempre é muito importante. Nós devemos cobrar isso dos Srs. Vereadores e do Sr. Prefeito. A sociedade assim exige. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores e senhoras do Hospital Pronto Socorro, funcionários do BANRISUL, fica claro que na Sessão de hoje, durante a tarde, não houve nenhuma discordância sobre este Projeto e não houve nenhum Vereador que ocupou esta tribuna que discordasse da incorporação dessas gratificações, mas fica claro, também, para quem nos ouve, que o debate não é sobre a incorporação ou não, mas sobre um conjunto de considerações em relação à política salarial municipal, porque, aí sim, os Vereadores de oposição nesta Casa não assumem o debate de querer transformar - para quem nos ouve - que Porto Alegre é uma ilha. Porto Alegre consegue fazer política de investimento, de pagamento de funcionário, sendo colocada numa ilha fora do Brasil! Porto Alegre não atravessa a crise econômica que o mundo todo vive! O cartão de crédito em Porto Alegre não vai sofrer uma alteração, pela alta dos juros, de 49%! Não. Porto Alegre está isento disso tudo!

 

O Sr. João Carlos Nedel: Porto Alegre tem dinheiro até para pagar sinaleiras.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Eu não lhe concedi aparte, Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Carlos Nedel, o Ver. Renato Guimarães não concedeu aparte a V. Exa. Portanto, V. Exa. usou o microfone para um aparte não-concedido. Não vou dialogar com V. Exa. Solicito-lhe que não renove esse tipo de atitude. Eu havia aberto o microfone para V. Exa. pedir o aparte. O aparte não foi concedido. O Vereador vai continuar em sua intervenção.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. está respondendo por ele, Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE: Eu já disse que, se V. Exa. quiser consultar de novo, pode fazê-lo, mas ele já havia negado o aparte.

Vou repor o tempo, Ver. Renato Guimarães. Se V. Exa. entender de dar aparte, faça. Se entender que não é o momento oportuno, a decisão é de V. Exa.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Não concedo o aparte. Quero continuar dizendo que me parece contraditório os Vereadores virem à tribuna cobrar do Governo posturas se, quando encaminhamos uma política - Governo e Bancada do PT - em relação ao HPS, buscando verbas na Assembléia Legislativa para a emenda do Pronto Socorro, os Vereadores da oposição e os Deputados lá em cima, que dão sustentação ao Governo Britto, votam contra. Será que isso não é contraditório? Será que não é contraditório vir aqui fazer uma discussão, mas, na hora mesmo de aprovar na Assembléia Legislativa, no Orçamento do Estado, repasse de verbas para o Pronto Socorro votar contra? Esses Vereadores desses partidos votaram contra, lá na Assembléia, a que viesse recurso do Orçamento do Estado para o Hospital de Pronto Socorro. Vamos chamar à coerência. Não adianta vir a esta tribuna e fazer o registro, por exemplo, de que a Administração Popular não está ajudando o Hospital Vila Nova. Todos sabemos, e o Ver. João Dib também sabe, que o Governo Municipal antecipou todas as parcelas do pagamento do SUS para o Hospital Vila Nova. O Hospital Vila Nova vive uma crise muito grande, porque não está conseguindo pagar suas dívidas trabalhistas, dívidas com o INSS. São essas dívidas que estão levando o Hospital Vila Nova a esta crise. Não é o repasse antecipado que a Prefeitura está fazendo. Porque a Prefeitura está fazendo, Ver. João Dib, mas V. Exa. não registra isso da tribuna. O Ver. João Dib, assim como o Ver. Cláudio Sebenelo, vêm a esta tribuna e fazem um projeto que é de consenso: palanque para a disputa eleitoral. E aí a Bancada do PT não pode usar o tempo para dizer isso.

Para finalizar, gostaria de fazer o registro aqui, Ver. Carlos Garcia: estranho muito que os Vereadores da oposição desta Casa não queiram votar a emenda sobre o BANRISUL. Será que já é carta marcada? Será que o BANRISUL é a “bola da vez” para ser vendido? Pergunto aos Vereadores que estão se negando a votar a emenda do BANRISUL: o BANRISUL é a “bola da vez”? Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos votando uma alteração do art. 180 da Lei Complementar 133, com a redação dada pela Lei Complementar 385, de 18 de setembro de 1996, que “assegura incorporação de gratificações aos proventos de aposentadoria dos funcionários do Município e dá outras providências”.

O art. 180 diz que “a incorporação aos proventos de aposentadoria das gratificações a seguir relacionadas observarão os seguintes critérios: I - para as gratificações por exercício de atividade tributária, quebra de caixa, incentivo à produtividade, operação de máquinas, atividades em determinadas zonas ou locais, ressalvando o disposto no inciso II, atividades em classes de alunos excepcionais, atividades insalubres e perigosas, condução de veículos de representação ou de serviços essenciais, pelo exercício de atividade de lançamento de tributo, arrecadação, execução e controle da receita, da despesa, do empenho, do preparo de pagamento. A vantagem relativa à parcela autônoma, à gratificação individual de produtividade técnico-jurídico, a percepção por cinco anos ou dez intercalados, por ocasião da aposentadoria”.

A exceção do inc. II é o que nos importa, porque o inc. II estabelece, senhores servidores do HPS: “II - Para a gratificação por lotação e exercício no Hospital de Pronto Socorro e nos pronto-atendimentos, bem como em outros hospitais de pronto-atendimento que vierem a ser criados pelo Município ou que passem responsabilidade gerencial desses em decorrência da municipalização da saúde: a) até o 15º ano, contados de 09-7-87, que tenha comprovada a lotação e o exercício nesses locais durante quinze anos...” - não os cinco ou dez anos - “...e esteja percebendo, por ocasião da aposentadoria. b) a partir do 15º ano, contados de 09-7-87, que tenha percebido durante quinze anos e aí esteja percebendo por ocasião da aposentadoria.”

Não sei, Sr. Presidente, por que todo esse carnaval. Nem sequer nivelo com os advogados, os fiscais, etc. Esse é o tipo do projeto, Sr. Presidente, que nós tínhamos que emendar aqui, porque aqui estão se dando discursos toda a tarde dizendo que as leis de Porto Alegre são as melhores do Brasil. Claro que são. Fomos nós que fizemos essas leis! Somos nós que vivemos corrigindo essas leis! E eu quero declarar que eu não entro com uma emenda porque os interessados me pediram que não entrássemos com emenda, porque estão dando um pouquinho e estão fazendo esse baita carnaval aqui. Parece que é magnânima a Administração Municipal. Essa Administração faz onze anos - e quem está dizendo isso não sou eu, é o SIMPA - que não dá 1% de aumento real aos servidores e que, de janeiro de 1989 a maio de 1998, acumula perdas de mais de 200%. De maio de 1995 a julho de 1998 - dados do SIMPA -, houve perda de 137%. Quem me deu esses dados - e não estou inventando; não é o PFL, enlouquecido, que quer fazer oposição por oposição -, quem diz isso é o Presidente do SIMPA, é a Direção do SIMPA, através dos laudos que o SIMPA nos oferece.

Então, vamos parar de fazer demagogia. Não estão dando nada de especial para os servidores do Pronto Socorro. Estão dando um pouquinho, uma migalha. Vamos dar de uma vez, ainda correndo o risco de que essa demagogia de dar às vésperas da eleição possa gerar alguma ilegalidade. Eu prefiro pecar pela ação a pecar pela omissão, mesmo correndo o risco de enfrentar eventuais discussões judiciais quanto à legalidade. Eu estou louco para votar a favor. Vou votar a favor e sem fazer favor nenhum. É uma migalha para os servidores de hospitais de pronto-atendimento, para os do Pronto Socorro.

Ficaram a tarde inteira elogiando o pessoal e estão demorando tanto tempo para dar essa migalhinha que o PT quer apresentar agora como um grande presente para os servidores do Pronto Socorro e de outros locais, que, há mais tempo, estão merecendo, e não a exceção, mas a regra que é dada para os outros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nede Soares está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. NEDE SOARES: Sr. Presidente da Câmara, Sr. Secretário, caros colegas Vereadores, Sras. Vereadoras, amigos do Plenário, funcionários do Pronto Socorro, na qualidade de suplente da Bancada do PSDB, venho a esta tribuna para dizer que é meritória essa gratificação que está sendo concedida aos funcionários do Pronto Socorro.

Eu tenho um carinho muito especial por todo o corpo de funcionários do Hospital de Pronto Socorro, que é um modelo de atendimento para o Rio Grande do Sul e para o Brasil inteiro. Sou testemunha do trabalho diuturno dos funcionários do Hospital. Eu fiz plantões no Hospital por dois anos, realizando um trabalho gratuito dos Amigos Anônimos, que funciona junto ao Hospital de Pronto Socorro. Presenciei o trabalho, a dedicação, do médico ao mais simples funcionário, aquele que fazia a limpeza do Hospital. Eu só gostaria que o Executivo houvesse lembrado de enviar este Projeto à Câmara há bem mais tempo, porque o art. 73 da Lei Eleitoral não é bem claro; ele deixa algumas dúvidas. E esse mesmo Executivo já tem precedentes de usar até a Justiça para não pagar vantagens adquiridas por funcionários do Município.

Esta atenção deveria ter sido estendida, pelo menos um pouco, a todos os funcionários do Município que estão pleiteando na Justiça e que já ganharam em todas as instâncias, mas o Executivo está postergando o pagamento do direito adquirido aos funcionários. Então, meu voto será favorável a essa gratificação, mas gostaria que o Executivo prestasse atenção, não utilizasse o precedente que já utilizou com os demais funcionários, porque é justo e meritório o trabalho insalubre que todos os funcionários do Hospital de Pronto Socorro enfrentam no dia-a-dia.

Estamos discutindo uma gratificação, não um aumento, e acredito que, para aqueles que estão se aposentando, indo para a inatividade, será uma gratificação que vai servir muito para o sustento das suas famílias e, mesmo para os que estão na ativa, será um incentivo para o trabalho do dia-a-dia.

Já tive oportunidade de ser atendido no Hospital de Pronto Socorro, sempre com muito carinho. Também sou doador voluntário de sangue. Em todas as oportunidades que passo por lá procuro doar sangue, porque sabemos que o atendimento que lá é prestado nos orgulha, pois atende o Rio Grande do Sul inteiro, que o procura e sempre é bem-atendido.

Era o que tinha a salientar. Novamente, gostaria de dizer que o meu voto será favorável a essa gratificação, que não é um aumento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discutimos e votaremos a seguir o Projeto que altera o art. 180 da Lei Complementar nº 133 e assegura incorporação de gratificações aos proventos de aposentadoria dos funcionários do Município e dá outras providências. É importante que tenhamos claro que a legislação municipal que ora se pretende alterar através deste Projeto, na verdade, criava, até a entrada e até a existência deste Projeto, uma dificuldade quando do exame de contas, por exemplo, pelo Tribunal competente, que é o Tribunal de Contas, em situações como as que trata o presente Projeto. Como a incorporação gerava dúvida e, eventualmente, até a necessidade de devolução de valores, é importante que tenhamos uma legislação como essa, que vem - digo e sustento essa opinião - em boa hora, porque teríamos, na inexistência de uma legislação específica como essa, a possibilidade contínua e permanente de, a cada final de ano, a cada exame de contas ou a cada situação assemelhada, a possibilidade, pelo menos teórica - e em alguns casos, na prática, ocorreu -, de devolução de valores por parte de servidores ou por parte do Município, porque não havia uma sustentação legal para aquela incorporação.

Nós temos que ter clareza de que, em algumas circunstâncias, parte da nossa legislação é falha, e entendo que esta corrige uma falha importante quando o Projeto nos traz a possibilidade concreta de alterarmos uma legislação já com certo tempo em vigor para suprir a falha que o Tribunal de Contas apontava, ou outros exames dessa natureza. Obviamente, a Câmara deve, até melhorando o Projeto, de alguma maneira, talvez, até, no futuro, adequar outras normas a esta já existente, mas, acima de tudo, aprovar um projeto que nada mais é do que uma correção necessária e que já se fazia necessária anteriormente. Estivesse este Projeto sob o exame da Câmara há alguns anos, fosse ele aprovado há alguns anos, nós não teríamos tido, como tivemos, algumas situações muito constrangedoras em relação a servidores que, com direito assegurado pela própria legislação municipal e com amparo na legislação federal, tiveram que devolver valores. A partir de uma legislação específica de alteração como esta, coloca-se claramente a possibilidade da incorporação, pois reconhece o mérito que tiveram as pessoas a ponto de terem a gratificação durante muito tempo, mas que, por uma lacuna da lei, por uma falha da legislação existente, não conseguiram manter tal incorporação em circunstâncias determinadas, como é o caso da aposentadoria.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece-me que o Projeto, como a maioria, não é perfeito, mas ele busca corrigir uma falha que existia, sim, na legislação, como outras falhas que continuam existindo. Temos situações que devem ser corrigidas. Alguns Vereadores, com propriedade, apontaram aqui da tribuna algumas dessas falhas. Há outras ainda, mas o fato de existirem falhas não significa que este Projeto não deva ser aprovado. Pelo contrário, parece-me que ele é um exemplo daquilo que nós, como legisladores, ou por não termos iniciativa nesse tipo de legislação, como analisadores de uma situação específica e concreta que o Projeto nos traz, devemos reconhecer quanto ao seu mérito e aprovarmos o Projeto.

Eu tenho, Sr. Presidente, em relação a projetos dessa natureza, a maior cautela. Eu tenho tido, ao longo dos anos, nesta Câmara Municipal, muitas vezes uma posição até mesmo de confronto com projetos de benefícios a funcionários toda vez que um projeto traz algum benefício isolado que coloca o próprio servidor contra o servidor seu colega. Este não é o caso do presente Projeto. Ao contrário, parece-me que ele traz a forma de corrigir uma legislação que vinha comprovadamente criando problemas para os funcionários e, a partir dele, nós podemos ter não só a solução de um caso concreto, uma situação específica de muitas e muitas pessoas, mas também um exemplo a ser seguido em situações semelhantes ou, então, com outra natureza, mas que possam ser corrigidas através de projeto de lei oriundo do Executivo. Pela aprovação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir o PLCE nº 004/98.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, eu já usei esta tribuna para defender a aprovação deste Projeto com a urgência que ele merece, uma vez que é uma situação que deveria ser consensual, e não precisaria muita discussão, a não ser tomar conhecimento, o que é responsabilidade de cada Vereador - saber o que está votando. Mas esse é o tipo do projeto que está causando uma série de discussões, porque no rastro, dentro e no conteúdo da discussão, vêm outras questões que não estão na Ordem do Dia.

Mas eu quero dizer que é importante. Inclusive, o sindicato da categoria está aqui sugerindo que se aprove esta legislação que vem corrigir uma falha que existia na legislação desde 1988, e a Prefeitura está fazendo isso em função de acabar com uma espécie de injustiça que está havendo. Agora, é muito importante que se diga e se repita mil vezes para este Plenário, para quem nos assiste e nos ouve em casa e que vem acompanhando o trabalho da Câmara de Vereadores e da Prefeitura de Porto Alegre que nós temos um regime salarial em Porto Alegre que não existe similar no Brasil. Por mais que os funcionários estejam com razão de pedir mais, de querer reajustes, de reivindicar os 27%, nenhuma Prefeitura deste País - e duvido que alguém, se quiser comprovar o contrário... - dá a reposição bimestral. Depois que implantaram o real, por uma medida provisória, a Prefeitura já chegou a quase 100% de reposição. Se fizesse este cálculo para o Estado, não iria achar percentual nenhum. Se fizer este cálculo para os funcionários do Fernando Henrique Cardoso, também não vão achar. Os funcionários federais ficaram mil e trezentos dias sem receber aumento, e agora veio uma reposição de 28% que não atinge a todos.

Acho que os funcionários têm razão de brigar, de discutir, porque, no nosso caso, a Prefeitura de Porto Alegre tem um quadro excelente. Claro que existem exceções. Existem sindicalistas querendo fazer proselitismo político e existe gente fazendo mau uso do Sindicato. Mas isso não dá para se dizer generalizadamente. Felizmente, haverá uma eleição agora e pode ser que se recomponha uma liderança mais autêntica, mais representativa do real interesse da categoria e não de alguns partidos de oposição. Mas esses são outros problemas, e é importante esclarecer a população de Porto Alegre e os funcionários de que a Prefeitura ainda não está pagando os 27% que são reivindicados porque o Supremo Tribunal Federal não aceitou a matéria, não a considerando da sua alçada. E, por não ter apreciado a matéria, a Prefeitura entrou com um Agravo para que o Supremo entrasse no mérito, discutisse a matéria e desse à Prefeitura a condição de poder ou não pagar. Claro que há o direito, mas se a Prefeitura paga e o Tribunal de Contas não aceita depois? Há Vereadores que querem que seja pago hoje e, amanhã, vão pedir o “impeachment” do Prefeito! Vamos olhar as coisas nos seus devidos lugares, clara e transparentemente. Não podemos mudar as coisas ao bel-prazer só para fazer proselitismo pré-eleitoral.

Inscrevi-me para dizer que precisamos votar favoravelmente esta lei e que esta Câmara tem a responsabilidade de dar urgência a este processo. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira discutir, encerramos a discussão e passamos para a votação do PLCE nº 004/98.

 

(O Ver. Juarez Pinheiro assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PTB o PLCE nº 004/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Clovis Ilgenfritz veio a esta tribuna, ele, que é um Vereador respeitável como arquiteto - ele é um dos melhores, realmente, da Cidade -, só que, quando falou sobre o processo que está tramitando na Justiça, cometeu equívocos. Isso é normal, porque o Vereador não é um advogado e por isso, muitas vezes, desconhece a tramitação da matéria que está no Supremo. Quando ele falava sobre os 27% que os funcionários públicos municipais têm direito em receber desde maio de 1995, o que existe é que houve um Agravo de Instrumento e que o Supremo se manifestou, afirmando que o advogado da Prefeitura Municipal não ofereceu nenhum argumento que pudesse sustentar aquele Agravo. O Presidente do Sindicato está aqui presente. Respeito a luta do Sindicato em prol dos municipários. O despacho que veio do Supremo Tribunal Federal é de que o advogado do Executivo não tinha nenhum argumento que pudesse justificar aquele ato. Então, houve uma manobra procrastinatória - se V. Exa. estudar um pouquinho Direito irá saber que é um instrumento que pode ser utilizado - e aí entrou com o chamado Agravo, que tem o objetivo apenas de procrastinar, porque será votado em trinta dias, quase que imediatamente. Acredito que será votado após as eleições. Depois disso, não haverá mais desculpas para que o Executivo Municipal reponha os 27% que está devendo aos municipários desde maio de 1995. Era isso que eu falava.

Estou dando explicações aqui porque o Ver. Clovis Ilgenfritz se insurgiu contra esses dados que coloquei aqui da tribuna, os quais tenho no processo. Eu posso trazer aqui a qualquer instante, com a resposta do Supremo Tribunal. É claro que essa matéria é justa. Ela repõe aos municipários algo a que eles já tinham direito. O art. 40 da Constituição dá esse direito que, infelizmente, não estava sendo respeitado, passando a ser respeitado a partir de agora, com essa votação.

Acredito que este Plenário não tem outro caminho, não tem outro voto a ser dado a não ser a favor desta matéria que estamos apreciando. É o que a Bancada do PTB irá fazer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em votação nominal o PLCE nº 004/98, por solicitação do Ver. Gilberto Batista. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 29 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2221/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 022/98, que modifica o artigo 71 da Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988, alterado pela Lei nº 6616, de 13 de junho de 1990, que assegura gratificação de 110% aos funcionários com exercício em regime de plantão no Hospital de Pronto Socorro e dá outras providências.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação do PLE nº 022/98. Em discussão. (Pausa.) Solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que assuma a presidência para que eu possa me inscrever para discutir.

 

(O Ver. Juarez Pinheiro assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srs. Vereadores, peço que os senhores todos, as senhoras, V. Exas., prestem atenção naquilo que estamos votando para que ninguém, depois, possa ser cobrado que aprovou algo que não sabia. O que diz no art. 71? “Os funcionários lotados e em exercício no Hospital de Pronto Socorro, nos pronto-atendimentos que vierem a ser criados pelo Município ou que passem à responsabilidade gerencial deste em decorrência da municipalização da saúde terão direito a uma gratificação correspondente a 110% no valor básico inicial do respectivo cargo, sobre o qual não incidirão quaisquer gratificações ou vantagens. Parágrafo primeiro: Aos funcionários lotados e em exercício nos pronto-atendimentos Cruzeiro do Sul e Bom Jesus na data vigente desta Lei é devida a gratificação retroativamente à data de lotação e exercício nesses locais. Parágrafo segundo: A gratificação de que trata este artigo aplica-se aos já aposentados que tenham prestado serviços no Hospital de Pronto Socorro por mais de quinze anos.”

Aí que eu quero que V. Exas. vejam que estamos modificando o que vamos votar. O texto atual, que é o da Lei Complementar nº 133, diz: “...bem como a vantagem pessoal relativa à parcela autônoma será incorporada ao provento do funcionário que a tenha percebido durante cinco anos consecutivos ou dez anos intercalados.”

Os senhores notam o que estamos fazendo? Estamos tirando a possibilidade destes funcionários de terem essa incorporação com cinco anos de serviço corridos ou dez anos intercalados e estamos transformando, de acordo com o Projeto do Sr. Prefeito Municipal, a possibilidade do prazo de quinze anos de serviço. É isso que estamos fazendo hoje aqui. Vamos imediatamente beneficiar alguns? Sim, pois esses já estão beneficiados com a Lei Complementar nº 133. Vamos prejudicar outros? Vamos. Mas, como estou ouvindo aquiescências dos funcionários com relação a esta modificação, muito embora os funcionários que já reclamaram estejam conscientes de que estão perdendo, não há ganhos, mas perdas.

Quero que V. Exas., que permaneceram aqui com o intuito de favorecer os funcionários do Pronto Socorro, saibam o que estamos fazendo. Se estamos beneficiando alguns, estamos prejudicando outros. O Presidente do Sindicato me dizia que esses benefícios eles estão conseguindo ir buscar, todos eles, através da Justiça. O trabalho do Presidente do Sindicato está sendo excelente nesse sentido. Baseado na Lei Complementar nº 133, todos aqueles que não estão tendo até agora esse direito estão com o direito reconhecido através da Justiça. O Prefeito manda para cá um projeto de lei, modifica a Lei Complementar nº 133, mas não é para beneficiar, ou, pelo menos, vem aqui para prejudicar alguns dos funcionários, inclusive alguns que estão presentes aqui, mas que preferem continuar buscando esses benefícios através da Justiça. Acredito que não exista erro nenhum em buscar através da Justiça, já que essas vitórias estão sendo conseguidas e já é um direito adquirido.

A única coisa que queria alertar é, exatamente, para esta matéria que estamos discutindo, o tipo de matéria que estamos votando, o que estamos modificando, e para que os senhores e as senhoras possam analisar se estamos dando algum benefício ou tirando, na verdade, benefícios. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Sr. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra, a Vera. Maria do Rosário para discutir o PLE nº 022/98.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero ser bastante breve, inclusive porque acredito que possamos não fazer os encaminhamentos depois. Com relação às questões levantadas pelo Ver. Luiz Braz, na verdade, os dois Projetos trabalham com matéria muito semelhante.

Um deles estabelece a não-obrigatoriedade mais do regime de plantão para que o funcionário receba o adicional de 110% do básico. Isso significa, Srs. Vereadores, que estamos atendendo a uma política da própria Administração Municipal, que tem feito um esforço no sentido de que os funcionários na área de saúde, assim como os demais funcionários, mas, especialmente, na área de saúde, onde muito e historicamente se cumpria regime de plantões, façam o trabalho como diarista, ou seja, durante um dia, uma carga horária cheia durante o dia. Como dissemos anteriormente, isso estabelece, ao nosso modo de ver, uma continuidade de contato entre o profissional da saúde e o paciente, que é muito mais humano, muito melhor para o trabalho na área da saúde. Nós estamos somente e tão-somente retirando a obrigatoriedade do regime de plantão para os 110%, garantindo para aquele que trabalha igual a quem tem o regime de plantão, que é diarista, a mesma gratificação de 110%, para que ele também possa optar em fazer um regime de trabalho que não seja de plantão, sem prejuízo nos seus vencimentos. Então, passa a receber 110% quem tem regime de plantão e quem não tem, mas está diariamente cumprindo a sua carga horária.

A outra modificação, Ver. Luiz Braz, é simples. Não é uma modificação. Ela trabalha com os quinze anos. Na verdade, quando V. Exa. cita as gratificações que são incorporadas com dez anos intercalados ou cinco anos consecutivos, são outras gratificações. Nesta gratificação dos 110% precisa ter os quinze anos - confesso que busquei esse subsídio com profissionais que estão acompanhando o nosso trabalho na tarde de hoje - para que o Pronto Socorro não seja “corredor” - foi isso que me disseram -, para que o profissional, quando ingressar no Pronto Socorro, faça uma carreira, como é feito nos dias de hoje. Isso é um zelo que estamos tendo para com uma gratificação que não é tão modesta assim, porque é de 110% sobre o vencimento básico. Todos nós desejamos que esse básico seja ainda melhor. Quem sabe nos permitam as políticas estaduais e federais, que são tão danosas para a área da saúde e para o funcionalismo, de um modo geral, para que o Município tenha mais recursos, para que os salários sejam melhores? Os senhores nos cobram tanto, e é o nosso desejo. Quem mais do que nós, do Partido dos Trabalhadores, para querer que os funcionários sejam ainda mais valorizados? Ora, Srs. Vereadores, por favor, nos ajudem e aos Municípios! E certamente eu não estou falando só por Porto Alegre, mas por muitos outros sufocados por esse processo de municipalização que receberam uma rede sucatada!

Ver. Luiz Braz, quinze anos para o Pronto Socorro não ser “corredor”, para o funcionário ingressar e seguir uma carreira e incorporar ao vencimento na medida em que ele tem um trabalho continuado dentro daquele Hospital e dentro dos equipamentos de saúde. E aqui, na Lei que estamos votando, está colocada a questão dos pronto- atendimentos, porque esta legislação está sendo discutida é para o presente e futuro. Sem dúvida, e o Ver. Carlos Garcia tem-nos chamado a atenção, os pronto-atendimentos deverão ser desdobrados ainda mais na Cidade, como o Vereador levantou acerca do extremo sul, e nós já o fazemos, descentralizando para a Zona Sul e para o Cristo Redentor.

Então, o Projeto que estamos discutindo nós construímos num debate franco e aberto com a categoria. Peço aos senhores que aprovemos o Projeto. Pediria que não nos debruçássemos tanto sobre a crítica disso ou daquilo, mas ficássemos, de fato, na discussão dessa matéria, porque já debatemos o Projeto anterior, que é tão semelhante. Eu só vim à tribuna porque me parece que o Ver. Luiz Braz trouxe dúvidas, questionamentos. E o Vereador tem razão. Tem zelo e me sinto obrigada, na Liderança da Bancada do PT, a trazer aqui, à tribuna, esclarecimentos da necessidade desses quinze anos, da necessidade dos pronto-atendimentos e da necessidade de que nós pudéssemos, como já o fizemos, retirar a obrigatoriedade do regime de plantão para os 110%. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desta vez sou obrigado a concordar com este Projeto. Uma das doenças mais graves que pode existir num pronto socorro é a doença chamada “plantonismo”. O plantão submete os clientes a uma mudança a cada vinte e quatro horas de titularidade na conduta dos casos. Isso, mudando de titular do caso de um plantão para outro em sete dias de atendimento, seria como um exército que mudasse de general a toda hora. Isto é: nós teríamos uma condução enlouquecida, esquizofrênica dos casos. Essa é a maior doença de um pronto socorro municipal. É uma coisa chamada “plantonismo”. Nós precisamos transformar na maior intensidade possível dentro daquilo que se pode fazer em intensificação dos rotineiros. Que seja abolido, de uma vez por todas, quando possível, o plantonismo e que o atendimento seja permanentemente uma rotina. Se eu chamar a rotina de horizontal e o plantonismo de vertical, este Projeto horizontaliza o atendimento, beneficiando muito os pacientes. Quando o Dr. Hamilton Petri de Souza, Diretor do Pronto Socorro Municipal, tentou, de todas as formas, instalar uma política de horizontalização do atendimento, ele teve todas as dificuldades e, por questões legais, burocráticas, trabalhistas, administrativas, não conseguiu implantar essa idéia de horizontalização, não conseguiu levar aos clientes o benefício da direção, da titularidade dos casos a uma só pessoa. Permaneceu a mudança do plantão de doze horas ou vinte e quatro horas, muitas vezes mudando a orientação do caso.

Por outro lado, concordo plenamente com a Líder do PT, Vera. Maria do Rosário, que, com muita propriedade, levantou o problema dos quinze anos. Acho que ela tem integral razão. Se não houver uma idéia de carreira, de progresso, haverá o desinteresse dos técnicos e o abandono, inclusive, dos cargos, o que já ocorre com extrema freqüência no Pronto Socorro, a ponto de, na metade do ano passado, quarenta e poucos profissionais abandonarem os cargos por salários baixos, e não haverá reposição, principalmente por não haver a expectativa de uma carreira maior.

Este Projeto tem a propriedade de sanar esse déficit na expectativa e, ao mesmo tempo, a tendência à horizontalização do atendimento. Essa é a grande aspiração dos profissionais do Pronto Socorro Municipal, que, juntada às aspirações dos técnicos em enfermagem, dos técnicos em radiologia... Aliás, eu pediria à Líder do Partido dos Trabalhadores que solicitasse ao Sr. Secretário de Administração para exarar o diploma legal a fim de transformar os Operadores de Raios-x em Técnicos em Radiologia. Esse foi um dos trabalhos mais brilhantes desta Câmara, por iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila, que faz justiça e traz legalidade a essa classificação. Ao mesmo tempo, estranhamos por que se levou tanto tempo nesse tal de debate, nessa tal de luta, quando, na verdade, há muito mais tempo, por uma questão de justiça, esse assunto deveria estar superado pela própria Administração. Vem para esta Câmara e, evidentemente, nós não só aprovaremos como temos os maiores encômios à intenção deste Projeto, que é, indiscutivelmente, reparador em relação ao processo de atendimento e ao Plano de Carreira de todos os funcionários do Pronto Socorro, que são os responsáveis pela excelência daquela administração. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas para esgotarmos a Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir. Desiste. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vamos fazer uma simplificação. Acontece que a Administração Municipal, a administração prefeitoral não escreve muito bem, não se expressa corretamente. Então, é até difícil entender, e as confusões acontecem. O que está acontecendo nesse Projeto de Lei ora em discussão? O art. 71, que está sendo modificado, e que já foi modificado da Lei 6.309, resultando na Lei 6.616, é o mesmo desde o início, só que agora estão sendo acrescentadas aqui as vantagens no pronto-atendimento Cruzeiro do Sul, Bom Jesus e hospitais de pronto-atendimento que vierem a ser criados pelo Município ou que passem à responsabilidade gerencial deste em decorrência da municipalização da saúde. Isso é o que estava escrito, que eles têm direito a uma gratificação de 110% sobre o valor básico.

O parágrafo segundo desse artigo, que é acrescentado agora, diz que “a gratificação de que trata este artigo aplica-se aos já aposentados”. Aparentemente, está sendo acrescentado, mas isso já estava na Lei. Não está sendo acrescentado nada. O que eles acrescentaram foi o parágrafo primeiro: “Aos funcionários lotados e em exercício nos pronto-atendimentos Cruzeiro do Sul e Bom Jesus, na data de vigência desta Lei, é devida a gratificação retroativamente à data da lotação e o exercício nesses locais.” Poderão dizer o que quiserem, mas se essa colocação não é eleitoreira... Mas eles têm direito, é justo. Então, vou deixar a colocação eleitoreira de lado, porque a justiça é mais importante. Faça-se justiça.

Agora, tenho que elogiar a administração prefeitoral pela redação do art. 2º: “As despesas decorrentes da aplicação da presente Lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias.” E o art. 3º: “Fica o Executivo Municipal autorizado a abrir créditos suplementares necessários para a cobertura das despesas geradas por esta Lei.” Volto, agora, ao parágrafo primeiro: “Aos funcionários lotados e em exercício nos pronto-atendimentos Cruzeiro do Sul e Bom Jesus, na data de vigência desta Lei, é devida a gratificação retroativamente à data da lotação e exercício nesses locais.” Dois pesos e duas medidas.

Os servidores técnico-científicos aposentados da Prefeitura têm direito à GIT. Receberam através de liminar e o Prefeito pagou, mas, tão pronto conseguiu derrubar a liminar, ele retomou o dinheiro, e de forma absolutamente desumana e ilegal. Aposentados técnico-científicos da Prefeitura - porque o Prefeito retomou, pela força, o dinheiro - receberam, durante dois meses, 70 e 80 reais. Aí o Prefeito perdeu e teve que pagar. Agora, aquele dinheiro que ele retirou arbitrariamente não pagou até hoje, mas ele poderia colocar um artigo segundo e um artigo terceiro, como aqui está. Abram-se créditos, sem problema nenhum. Faça-se justiça. E nós autorizaríamos também, porque a Prefeitura tem muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo, e não usa para os seus servidores, não se iludam.

Eu tenho aqui uma dúvida cruel. Há dez dias uma pessoa se suicidou, num prédio da Prefeitura Municipal, e até hoje não apareceu em jornal nenhum. Hoje já me disseram, diferentemente do que a Prefeitura informa pela Internet, que era servidor municipal. Eu vou esclarecer isso. E naquela sexta-feira, dia 4 do mês, a informação primeira que chegava é que o motivo teria sido pelo baixo salário e pelas dúvidas que ele tinha sobre seu contracheque. Mas a Prefeitura disse que não, que ele não era servidor municipal. E esse é o palácio encantado que permite que alguém se suicide do 8º andar e ninguém fique sabendo por que aconteceu, e os jornais não noticiam. Suicídio, num prédio público, do 8º andar, é primeira página, e perdoem-me todos se estou sendo um tanto fúnebre.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que os artigos 2º e 3º do Projeto de Lei têm meu inteiro aplauso e espero que façam o mesmo para todos quantos a Prefeitura deve, sem ficarem brabos com aquela moça, a Regina Helena, que puxou as orelhas do candidato a Prefeito Raul Pont e ele ficou brabo. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, novamente um projeto que trata de questões específicas de funcionários e que nos coloca na obrigação de tecer rápidos comentários como, por exemplo: primeiro, o Projeto é justo, porque ele traz para nós a possibilidade de colocarmos para os servidores do Pronto Socorro Municipal, bem como servidores de atividades assemelhadas, um benefício que faz justiça em relação àqueles que têm na atividade de plantão ou os que tiveram durante o seu período de Pronto Socorro ou de posto de saúde uma atividade compatível com um benefício igual ao que trata o Projeto.

Eu tenho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma divergência no conteúdo do Projeto, que não impede, de minha parte, sua aprovação. A divergência que tenho - e rapidamente troquei algumas palavras com a Vera. Maria do Rosário e com o Ver. Juarez Pinheiro - é com relação ao tempo que o Projeto estabelece para a questão de benefício. Entendo que um tempo mais adequado - e que também impediria a idéia de “corredor”, que foi utilizada na tribuna - para a incorporação do benefício seria o de dez anos. Explico por quê. Porque nas legislações assemelhadas, de outras categorias profissionais, normalmente esse tempo é de cinco anos. E digo isso após ter examinado, ao longo de minha vida, em vinte e um anos de advocacia trabalhista, dezenas e dezenas de dissídios coletivos, onde a questão da incorporação de gratificação ou de benefícios assemelhados é examinada e, normalmente, o prazo estabelecido é de cinco anos consecutivos ou de dez anos intercalados. O prazo de quinze anos, na verdade, ele inova, mas inova, na minha opinião - e respeitando as demais, obviamente -, não da maneira ideal.

Como eu disse no início do meu pronunciamento, essa circunstância específica não impede que este Vereador trabalhe pela aprovação do Projeto até porque me parece que nós podemos, depois, chegar a uma idéia mais amadurecida, modificando esse prazo para o período adequado, que, na minha opinião, é, sim, de dez anos. E os dez anos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é exatamente porque é um tempo razoável, um tempo, me parece, adequado a que se afaste a idéia do chamado “corredor” de incorporação, ou seja, o servidor que estaria interessado em ficar no Pronto Socorro apenas para efeito de incorporação. Dez anos realmente é um prazo longo, com base em analogia com legislações assemelhadas, fundamentalmente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aquelas legislações fruto de dissídio coletivo. Tenho convicção absoluta de que o adequado, o mais correto seria nós termos um projeto tratando do prazo com limite de dez anos.

O Projeto, da forma como está, é meritório, merece o nosso apoio, merece aprovação, mas tenho absoluta convicção de que, a partir de agora, todos nós devemos nos empenhar no sentido de avançar nessa legislação e trazer para o servidor municipário a possibilidade de incorporação do mesmo benefício com prazo modificado - menor. O prazo de quinze anos inova, mas não em benefício do servidor, mesmo que a idéia geral do Projeto - e isso talvez seja o mais importante - seja, justamente, trazer o benefício, fazer justiça finalmente.

Por esse mérito, por esse objetivo, por essa possibilidade de fazer justiça no caso concreto, que o Projeto, sem dúvida, traz, eu voto a favor. Defendo o Projeto e acho que ele deve ser aprovado, mas não vou esquecer de deixar claro qual é a nossa divergência para que, no futuro, nós tenhamos, seja na Câmara, seja no Executivo, um estudo específico - e este Vereador se empenhará para que isso aconteça - que nos possibilite diminuir esse prazo, e aí, sim, com legislação assemelhada a outras do mesmo gênero, nós tenhamos condições de fazer justiça em um nível mais elevado. Pela aprovação, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós vamos nos deter, basicamente, no mérito do Projeto, porque ele vem fazer justiça.

Nós gostaríamos de ler algo que está explícito no corpo do Projeto como exposição de motivos: “É importante salientar que todos os funcionários do HPS encontram-se, permanentemente, à disposição do Hospital, podendo, a qualquer momento, passarem de um regime de trabalho para outro em função do setor em que estiverem lotados. O mesmo se aplica às chefias que, obrigatoriamente, passam a desempenhar suas funções diuturnamente.” Ou seja: quem trabalha no Hospital de Pronto Socorro está sempre à disposição daquele estabelecimento. E todos nós vivenciamos isto. No ano passado, inclusive, tivemos a oportunidade de acompanhar uma acadêmica da Faculdade de Educação Física do IPA, da qual sou Diretor. Levamos a acadêmica por volta das 23h e coincidentemente tinha ocorrido em Porto Alegre, naquele dia, um motim na FEBEM. Ficamos lá até quase duas horas da manhã, e os funcionários depois nos contaram algo que não tínhamos vivenciado: a questão do perigo que ocorre quando dos motins tanto da FEBEM quanto do Presídio Central, onde essas pessoas ficam junto com os demais pacientes. O que ocorre? Alguns relatam que já houve funcionários do HPS que ficaram como reféns momentaneamente.

Naquela oportunidade, entramos em contato com a Direção do HPS e solicitamos uma sala de triagem. É importante sabermos que o Instituto Médico Legal só aceita as pessoas depois de passarem pelo Hospital de Pronto Socorro. Não nos foi dada a sala, mas a Direção tem um acordo para que, tão logo sejam feitas novas instalações, haja uma sala de triagem para que esses fatos não coloquem em risco os funcionários do Hospital e as demais pessoas que estão lá no momento.

Queremos enfatizar que os funcionários do Hospital estão sempre de plantão. A qualquer momento podem ser convocados. Entendemos que é mais do que justo proporcionar a extensão dos 110% para não beneficiar alguns, mas todos.

Queremos novamente enfatizar o mérito do Projeto e parabenizar o Executivo, que envia este Projeto para a Casa neste momento. E voltamos a insistir: sem entrar no mérito do período eleitoral ou não, aquelas coisas que são feitas de comum acordo, visando a beneficiar aquele segmento, devem ser aprovadas. É o que solicitamos aos companheiros Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Alberto Moesch está com a palavra para discutir o PLE nº 022/98.

 

O SR. ALBERTO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das principais vozes, talvez a principal voz, em defesa do Hospital de Pronto Socorro foi e é o titular do mandato que ocupo provisoriamente: o Ver. Pedro Américo Leal. A nossa Bancada é totalmente favorável a este Projeto de Lei.

Na minha família, somos cinco pessoas e todos já fomos atendidos pelo Hospital de Pronto Socorro. Vejo que a exposição de motivos deste Projeto de Lei diz que o hospital público, pertencente à Secretaria Municipal de Saúde, no caso o Hospital de Pronto Socorro, caracteriza-se por ser um hospital-referência em traumas decorrentes da violência urbana, dentre as quais acidentes de trânsito. Dentre os pacientes recebidos pelo HPS no que diz respeito a acidentes de trânsito, um dos principais índices está no de ciclistas, e aqui cabe uma política de prevenção. Aliás, é o que diz o Sistema Único de Saúde, que prioriza a prevenção. Para que nós possamos diminuir o percentual de acidentes de trânsito em ciclistas, nós precisamos adotar, de uma vez por todas, ciclovias na Cidade de Porto Alegre. Embora tenhamos duas leis municipais que prevejam ciclovias, embora tenhamos conseguido passar no Conselho do Orçamento Participativo, isso até agora não vem sendo feito. De qualquer sorte, somos totalmente favoráveis à aprovação deste Projeto de Lei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nada a aduzir ao aspecto central do Projeto, que é a gratificação de 110%. Essa gratificação falaria mais alto. Talvez, das instituições gaúchas, eu não sei se existe melhor instituição que o Pronto Socorro, pela sua profunda finalidade e pela envergadura do seu atendimento, quadro de servidores, médicos. É chover no molhado, aqui, estabelecer os predicativos do Pronto Socorro. As observações ficariam adstritas ao parágrafo 2º do referido Projeto, que diz com o tempo, o período de quinze anos. Eu não concordo com os argumentos trazidos pela Vera. Maria do Rosário e o Ver. Cláudio Sebenelo, porque o que determina esse corredor, a saída dos funcionários é exatamente o mercado, a oferta. A oferta nos diferentes setores das atividades, quer públicas, quer privadas, é isso que faz com que o servidor saia da instituição. Os quinze anos são uma inovação na legislação do tempo de carência, porque toda legislação, tanto federal, estadual ou municipal, ela é histórica. É até modelar a prática dos cinco anos sucessivos e os dez anos intercalados. Isso já é uma prática que está consagrada nos estatutos do funcionalismo brasileiro. Mas não é esse dispositivo, evidentemente, que vai fazer com que nós não aprovemos o Projeto.

Então, vale a discussão, a discussão apenas e tão-somente para chamar a atenção que esse dispositivo... Na nossa opinião, deveriam constar cinco anos sucessivos e dez anos intercalados. Aí, nós, efetivamente, colocaríamos o Projeto dentro dos padrões e da regra histórica observada nos estatutos dos funcionários estaduais, federais e, de resto, até comparada à de outras países. Então, os quinze anos não têm o condão de segurar o funcionário. O que tira o funcionário, Ver. Cláudio Sebenelo, do seu local de trabalho, seja da Prefeitura, e etc., é o mercado, a oferta, em virtude dos baixos salários que percebe o funcionalismo de um modo geral. Então, fica aqui a nossa manifestação favorável ao Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação nominal, solicitada pelo Ver. João Dib, o PLE nº 022/98. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 23 votos SIM.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Solicito que passemos a analisar os Requerimentos. Eu tenho uma proposta de ordem, priorizando o Requerimento 184/98, que trata da questão do BANRISUL; em segundo lugar, um Requerimento de urgência em processo de permuta de imóveis, Proc. nº 2448/98, PLE nº 027/98; em terceiro lugar, pedido de urgência do Ver. João Dib para o PLE nº 025/98, que nomeia concursados na FESC.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento da Vera. Maria do Rosário. A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos requerendo a este Plenário que possamos votar, neste momento, três Requerimentos, dois deles de pedido de urgência de Projetos de Lei do Executivo Municipal, que trata, um, de permuta de imóveis, e outro, da nomeação de concursados, de monitores para a FESC, atendimento dos abrigos da nossa Prefeitura Municipal. A população necessita de abrigos, casas de apoio contra a violência.

O primeiro solicitamos seja votado, pois é um Requerimento que tem a assinatura de mais de uma dezena de Vereadores e que está em nome das Lideranças do PT, PDT, PSB, com a assinatura de diversas bancadas, inclusive do Ver. Lauro Hagemann, do PPS. Temos necessidade de votar esse Requerimento porque trata de uma proposição que está em conformidade com o art. 58 da nossa Constituição Estadual, que prevê a possibilidade de apreciação da Assembléia Legislativa de propostas de emendas constitucionais encaminhadas por mais de um quinto das Câmaras Municipais do Estado.

Ver. Pedro Ruas, a nossa disposição, como Câmara Municipal, é de nos irmanar, de estar ao lado de dezenas, de mais de uma centena de Câmaras Municipais do Estado do Rio Grande do Sul, que já aprovaram proposição semelhante que apresenta uma emenda constitucional estabelecendo que no art. 22 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul há necessidade de um plebiscito para a alienação ou transferência acionária, extinção, fusão, incorporação ou cisão do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Nós estamos absolutamente preocupados com o futuro do nosso sistema financeiro, porque temos um Estado que precisa de um sistema financeiro e de um banco do porte do Banco do Estado do Rio Grande do Sul voltado para a agricultura, que é a base econômica do Rio Grande, para a produção, para o financiamento da pequena empresa, para a geração de empregos e para o povo do Rio Grande. Nós sabemos da urgência desse Requerimento, da importância de, neste momento, todos os partidos políticos posicionarem-se. Nós já vimos, Srs. Vereadores, o que foi a privatização do Banco Meridional. Nós acompanhamos como o Governador, às vezes candidato, às vezes Governador deste Estado, rompendo com a trajetória do Rio Grande do Sul, esteve ao lado dos interesses do Governo Federal, ao lado dos interesses dos grandes banqueiros, tirando uma fatia do que era uma importante instituição para o povo gaúcho, para o povo brasileiro, para o MERCOSUL e para o desenvolvimento de nossa terra. Nós vimos o que fez o Governador - às vezes candidato, espero que nunca futuro Governador - com a extinção da Caixa Estadual, com sua história, tradição e contribuição. Foi um dos crimes contra o povo gaúcho. Nós vemos também o crime que se comete já contra o BANRISUL, quando impõem aos trabalhadores desse Banco a dificuldade de atenderem, de garantir a sua qualidade histórica, porque diminuem seus funcionários e não investem, de fato, no atendimento da população.

O tipo de BANRISUL que nós queremos é próximo aos interesses da economia e desenvolvimento deste Estado. E desenvolvimento, para nós, significa mais empregos, significa compartilhar renda, significa dar os mesmos critérios que foram utilizados para a GM, para a Ford, para os grandes empreendimentos, para a Souza Cruz, que, me permitam dizer, produz doenças em forma de cigarro e que recebeu todos os benefícios através do FUNDOPEM. Nós queremos um BANRISUL que possa oferecer o mesmo padrão, o mesmo atendimento ao trabalhador, aquele que o Estado jogou no PDV e que está abrindo seu pequeno comércio, tentando enfrentar a crise e não encontra.

Srs. Vereadores, nós precisamos votar este Requerimento. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre não pode estar de costas para isso. E é o momento de se explicitarem posições. As bancadas que sustentam o Governo Estadual nesta Casa não inviabilizem, por favor, a votação do Requerimento. Votem com a sua consciência. Não tenham medo da nossa população, porque eu olho para um Plenário vazio e tenho vergonha de um Plenário vazio quando vai se votar aqui, também, a nossa posição acerca do futuro da nossa Cidade, que é Porto Alegre, e do futuro do Rio Grande. Muito obrigada.

 

 (Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário fez uma observação sobre o Plenário: vazio.

Eu faço uma verificação de quórum e peço para que o Ver. Juarez Pinheiro proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores. (Após a chamada.) Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos.

 

 

(Encerra-se a Sessão às 18h55min.)

 

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